● Elizeu Pires
As ligações do empresário Mário Peixoto com o ex-governador Wilson Witzel custaram o mandato do ex-juiz, que chegou ao Palácio Guanabara cheio de marra e com discurso de moralidade e honestidade à toda prova, mas e acabou saindo pela porta dos fundos. Witzel foi apeado do poder e deixou a cadeira e a caneta cheia de tinta para o vice, que concluiu o mandato e foi eleito logo no primeiro turno, uma vitória surpreendente, que ao mesmo tempo em que mostra a força política do até então ilustre desconhecido Claudio Castro, causa preocupação por conta da atuação de alguns nomes que gente muito próxima do governador gostaria de ver bem longe da sede do governo do Rio de Janeiro.
Um desses nomes é tão querido por Castro que foi chamado de volta para comandar a Secretaria de Governo e ganhou o apoio do governador para disputar a presidência da Alerj. A vitória de Rodrigo Bacellar já é dada como certa, e é exatamente aí, apontam observadores mais atentos, que estaria residindo o perigo, pois Bacellar não iria mandar apenas no Poder Legislativo. Controlaria também setores dos mais importantes na administração estadual.
Mas não é só a presença forte de Bacellar que preocupa o entorno de Castro. Teme-se nos corredores do poder que um amigo do deputado-secretário venha ser transformado em “calcanhar de aquiles” para o governo que será iniciado em janeiro. Trata-se de um velho conhecido da Justiça e do Ministério Público, o empresário Fernando Trabach Gomes, cujo grupo tem contratos com várias prefeituras, e foi o fornecedor de combustível para a campanha do governador. De acordo com gente do núcleo duro do Palácio Guanabara, o empresário teria sido aproximado de Castro por Rodrigo Bacellar.
Inquéritos e prisões – No dia 8 de agosto de 2017 Fernando foi alvo da Operação Caça-Fantasma, realizada pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção, do Ministério Público fluminense. Ele foi denunciado pelo MP com mais 11 pessoas, pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Trabach foi acusado pelo MP de usar uma pessoa fictícia, George Augusto Pereira da Silva, para cometer crimes licitatórios e contra a ordem tributária. Segundo a Promotoria, o “fantasma” teria sido usado para vencer licitações em vários municípios e figurado como sócio de algumas empresas. Pelo que foi denunciado, só município de Campos, no Norte Fluminense, o “fantasma” firmou contratos de locação de ambulâncias que somam mais de R$ 40 milhões.
Fernando Trabach foi preso pelo menos duas vezes. A primeira prisão ocorreu no âmbito da operação Caça-Fantasma. Ele e a esposa, Mônica Lima Barbosa, foram presos dentro de um avião, no qual viajariam para Manaus.
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