● Elizeu Pires
Com 17 deputados, o Partido Liberal (PL) está na dianteira na corrida pela presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, mas quem pensa que a situação do atual secretário de Governo Rodrigo Bacellar é tranquila na legenda pode estar muito enganado.
Parlamentares de outras legendas afirmam que ele até tinha o apoio de quase toda a bancada do seu partido, mas depois que o Ministério Público Eleitoral ajuizou uma ação pedindo a cassação dele junto, a do governador Claudio Castro e de mais três parlamentares por conta do escândalo do Ceperj, o quadro teria mudado.
Dizem nos corredores da Alerj que os que dependem da boa vontade do governador continuam firmes com o preferido de Claudio Castro, mas há os que, nos bastidores, estariam defendendo o lançamento de outro nome, pendendo para o vice-presidente da Casa, Jair Bittencourt, visto como mais preparado e mais moderado. Bittencourt é classificado no meio como “um político com postura de estadista”.
Bacellar está no topo da lista dos políticos que segundo a denúncia da Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro teriam sido beneficiados pelo sistema de contratações esquisitas de pessoal feitas através do Ceperj. Foi no principal reduto dele, o município de Campos dos Goytacazes, que ocorreu o maior volume de saques na boca do caixa, R$ 12,1 milhões, e também estavam sob o guarda-chuva de Bacellar, na Secretaria de Governo, o projeto Observatório do Pacto RJ e o programa RJ Para Todos.
Ação entre amigos – Pelo que foi apurado, apenas um morador de Campos sacou R$ 122.848,53 de uma agência do Bradesco, sendo apontado como o maior beneficiário do esquema de contratações “fantasmas”, pois os nomes não foram publicados no diário oficial. De acordo com as investigações, Fabrício Manhães Cabral fez 14 retiradas e, ainda segundo as investigações, uma cunhada do deputado também recebeu dinheiro do Ceperj.
“Não se deve desconsiderar, por outro lado, certos padrões das irregularidades. Foi na Cidade de Campos dos Goytacazes, que é reduto eleitoral do aludido representado (Bacellar), que se deu o maior número de saques efetuados, em espécie, pela adoção do sistema de remuneração de mão de obra contratada por prazo determinado, valendo observar que a quantidade de dinheiro sacada na boca do caixa, em um único dia de uma única agência bancária, pode ultrapassar meio milhão de reais”, diz um trecho da representação da Procuradoria Regional Eleitoral.
Na ação a Procuradoria cita que “foi confirmado que diversos aliados políticos, amigos íntimos e familiares do então secretário da Secretaria de Governo (SEGOV) e candidato a deputado estadual (eleito), Rodrigo Bacellar, foram contratados em seu reduto eleitoral na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ sem qualquer transparência, esses os principais beneficiados do esquema de contratações ‘fantasma’”, diz outro trecho da ação, da qual consta ainda que, Bárbara Lima, cunhada do deputado, sacou cerca de R$ 22 mil “sem qualquer comprovação ou transparência das atividades exercidas”.
*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.
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