Pente fino nas contratações do Ceperj causa insônia em deputados

Investigações do Ministério Público apontam que mais de R$ 220 milhões foram sacados das contas do governo fluminense em operações na boca do caixa

● Elizeu Pires

Fabrício Manhães Cabral, ex-diretor da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Campos dos Goytacazes, e ex-chefe de gabinete do vereador daquele município, Helio Montezano de Oliveira Neto, vai ter de explicar ao Ministério Público quais serviços prestava na Fundação Ceperj e quem o indicou para o órgão. Pelo que foi apurado até agora no inquérito aberto pelo MP para investigar a existência de funcionários fantasmas pela fundação e pagamentos suspeitos feitos na boca do caixa, Fabrício fez 14 retiradas este ano numa agência do Bradesco naquela cidade, sacando quase R$ 123 mil.

O município de Campos é base do líder do governador Claudio Castro na Alerj, o deputado Rodrigo Bacellar. Coincidentemente, o vice-líder Alexandre Knoploch, foi denunciado por um ex-contratado da Fundação, por supostamente ficar com parte dos salários pagos. Ele disse que recebia R$ 5 mil por mês e devolvia R$ 3.500. De acordo com a denúncia, Knoploch teria feito várias indicações de pessoas para trabalharem no projeto Esporte Presente, desenvolvido pela instituição, e teria dois assessores encarregados de recolher parte dos valores pagos aos indicados, o que o parlamentar alega desconhecer.

O escândalo da Fundação Ceperj caiu como uma bomba no Palácio Guanabara, mas o petardo está balanceando mesmo é alguns gabinetes de deputados da base do governo, por conta das supostas “rachadinhas”.

O MP entende que os saques na boca do caixa é uma “nítida afronta às normas de prevenção à lavagem de dinheiro”, indo contra todos os princípios da administração pública. Outro fato comprometedor é de a Fundação não saber responder quais funções os contratados exerciam, e onde funcionam os núcleos nos quais estariam lotados.

De acordo com as investigações, Fabrício Manhães é o que mais saques fez dentro do esquema, e que o maior volume saiu da agência do Bradesco em Campos, mais de R$ 12 milhões. O MP apurou ainda que os saques somaram mais de R$ 7 milhões em Nova Iguaçu, quase R$ 5 milhões em Barra Mansa, outros R$ 5 milhões em Duque de Caxias, R$ 4,5 milhões em Bangu e R$ 4 milhões em Volta Redonda.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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