Ciúme faz prefeito “amordaçar” o vice em Resende

Geraldo posou abraçado com o prefeito Diogo Balieiro, mas a presença de João Marques Borges (último a direita) – denunciado pelo desvio de material cirúrgico da fundação hospitalar do município – queimou o filme

Diogo Balieiro não estaria deixando o vice falar para não crescer politicamente

O bom relacionamento entre prefeitos e vices, tem mostrado a história, é efêmero, podendo não passar, em muitos casos, de alguns meses após a posse. A linha que os une é tênue no sentido mais exato do termo, tão frágil que pode arrebentar ao menor descuido, e, ao que parece, isso já aconteceu em Resende, município do Sul Fluminense, governado desde o dia 1º de janeiro pelo médico Diogo Balieiro. O que já circulava a boca pequena pelos bastidores políticos locais tornou-se público na semana passada: o vice-prefeito Geraldo da Cunha estaria impedido de falar durante os atendimentos que presta à comunidade em seu gabinete, localizado no pátio da sede administrativa. A suposta “mordaça” colocada em Geraldinho, como o vice é popularmente conhecido, é mais uma polêmica na coleção do prefeito e teria como pano de fundo um conflito de interesses, já que o vice pretende se candidatar ao cargo de deputado estadual em 2018.

Segundo circula nos corredores do poder em Resende, o prefeito estaria preocupado com a desenvoltura do vice-prefeito. Diogo temeria que Geraldinho possa vir a atrapalhar os planos traçados para seu pai, o ex-vereador Aluizio Balieiro, a quem o prefeito gostaria de lançar para concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa. Entretanto, outras correntes políticas acreditam que o vice-prefeito esteja fazendo um jogo duplo, usando essa ‘birra” para não se envolver com os problemas que diariamente chegam ao seu gabinete. Se o vice sofre realmente uma represália, ele também é criticado pela população, uma vez que estaria tirando proveito político da situação por não sair de cima do muro.

Na semana passada mesmo, o “perseguido” Geraldinho apareceu ao lado do prefeito durante uma cerimônia de entrega de ambulância no parque conhecido como Tobogã, evento que também contou com a presença de vereadores e do deputado estadual Pedro Fernandes. Por sinal, a imagem acabou repercutindo negativamente por causa da presença do subsecretário estadual de Assistência Social, João Marcos Borges Mattos que responde a processo por improbidade administrativa e está com seus bens bloqueados pela Justiça. João Marcos foi denunciado pela própria Prefeitura de ter desviado placas e parafusos, peças de cirurgia para reparação facial, quando era diretor da Fundação Hospitalar de Resende.

Como continua pousando para fotos como se nada estivesse acontecendo, os moradores de Resende já suspeitam que Geraldinho estaria usando a tal “mordaça” para não responder a diversos questionamentos diariamente ao seu gabinete. Na semana passada, por exemplo, moradores envolvidos na ocupação terras na região oeste da cidade usaram as redes sociais para se queixar de não poderem conversar com Geraldinho, porque o vice estaria sendo vigiado por “assessores” a mando do prefeito. “Estivemos na Prefeitura e o vice não abriu a boca. Dois assessores falaram por ele. Fui informado pelo mesmo que ele não pode falar. Foi elem que elegeu o prefeito, o senhor Geraldo, e ele não pode falar. Tem dois assessores que falam por ele. Por que o vice-prefeito não pode falar?”, argumenta o morador.

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