Câmara estaria “embarreirando” o vice de Porto Real

O que se entende é que Ailton deveria assumir sempre que o titular ficasse mais de 15 dias fora de atividade

Substituto deve assumir o cargo sempre que o titular se ausentar por mais de 15 dias

As leis republicanas são claras: na ausência do chefe do Poder Executivo, quem assume é o vice, mas, pelo menos ao que parece, a pequena Porto Real, cidade de cerca de 20 mil habitantes no Sul Fluminense, ainda vive nos tempos da Monarquia. Tanto que o vice-prefeito Ailton Marques não consegue assumir o comando administrativo do município, mesmo com o estado de saúde debilitado do prefeito Jorge Serfiotis, que raríssimas vezes compareceu à sede administrativa municipal desde sua posse, em janeiro deste ano.  Embora esteja impossibilitado de exercer suas atividades normais, o prefeito ainda contaria com uma espécie de blindagem da Câmara de Vereadores para se manter no cargo enquanto a cidade, segundo algumas lideranças locais, vive um apagão administrativo, sem prefeito na prática.

Encabeçado pelo presidente Gilberto Caldas, o Legislativo de Porto Real finge não enxergar a gravidade do problema, que inclusive já foi levado ao plenário da Casa Legislativa por meio de denúncia, que acabou sendo engavetada por Caldas. A mensagem pedia uma investigação, uma vez que prefeito precisaria de uma autorização da Câmara para se afastar de suas atividades por um período superior a 15 dias, conforme prevê a lei.  O que se tem alegado é que o prefeito não teria se afastado da cidade, mas já teria ocorrido casos de internação hospitalar, como no último dia 20, quando o prefeito foi levado para o Centro de Terapia Intensiva do Hospital Samer, em Resende.

Se a Câmara dá sinais de que não quer Ailton Marques à frente da administração municipal, o parlamento também deverá endurecer o jogo para dificultar ainda mais os desafios que o vice deverá encontrar para reerguer as ruínas de Porto Real no caso de vir assumir o governo. Segundo os bastidores da política local, a ampla maioria dos vereadores não estaria disposta a entregar “de mão beijada” as rédeas do município para o vice-prefeito, mesmo que ele assuma oficialmente a Prefeitura.

Para se ter uma ideia do caos espalhado pela cidade, no mês passado, por exemplo, um idoso permaneceu durante horas sobre uma maca no Hospital Municipal São Francisco de Assis por causa do rompimento de uma bolsa fecal, um acessório de baixo custo utilizado no tratamento do paciente, que sofre de uma um doença intestinal.  A suposta falta da bolsa e o constrangimento vivido pelo idoso causaram revolta família e na população, o que acabou rendendo uma nota oficial da prefeitura negando a falta da bolsa.

Com a palavra o presidente da Câmara Municipal, vereador Gilberto Caldas, que não tem se manifestado sobre o assunto, apesar do grande interesse público que a questão desperta.

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