‘Feitiço’ pode virar contra o ‘feiticeiro’ em Mesquita

Nas últimas eleições Mesquita optou por mudanças, mas há quem não queira deixar o passado

Grupo que tentou derrubar prefeito vai encontrar turbulências pela frente

Sete dos atuais vereadores de Mesquita tinham mandato na gestão anterior e nada fizeram para apurar as denúncias de irregularidades apresentadas contra o prefeito Gelsinho Guerreiro, que deixou o governo no dia 31 de dezembro e um rastro de destruição, um rombo estimado em R$ 130 milhões. Agora, em sete meses da nova formação, a Câmara resolveu mostrar serviço e o fez não por fraude ou desvio de recursos, mas por um ato que quitou a dívida deixada pelo governo amigo com o funcionalismo. O efeito do serviçomostrado durou apenas três dias, pois o Tribunal de Justiça derrubou a cassação do prefeito Jorge Miranda, aprovada por nove dos 12 membros da Casa em sessão realizada na manhã do dia 1º de agosto. A vitória de Miranda, verificada nas primeiras horas de sábado (5), pode ser apenas o começo dos muitos problemas que o presidente da Câmara, Marcelo Santos Rosa, o  Marcelo Biriba e seus seguidores, deverão ter pela frente, pois o canhão do Ministério Público está apontando para a sede do Legislativo, não pela ‘queda de braços’ entre poderes, mas por conta de denúncias graves que podem abreviar a vida pública de alguns dos ‘nobres representantes’ da população do município mais jovem da Baixada Fluminense.

Recentemente a ex-primeira-dama Daniele Guerreiro teve o mandato de deputada estadual cassado pela Justiça Eleitoral por uso da máquina administrativa e abuso de poder econômico durante a campanha de 2014, inclusive por conta da utilização de mão de obra supostamente paga pela Prefeitura através de cooperativas, que na gestão de Gelsinho faturaram alto. No ano passado uma investigação apontou pagamentos a fantasmas e a pessoas sem o número do CPF. Quem pensa que o assunto morreu, está enganado: a lista de contratados vai ser virada de ponta a cabeça e os nomes cruzados, para se saber se existiam indicados por vereadores, se esses trabalhavam realmente ou se ficavam a disposição de quem os indicou.

O que mais vem pesando contra a Câmara de Vereadores são os supostos pagamentos a assessores fantasmas, uma lista que, de acordo com as denúncias apresentadas, chegaria a 200 nomes. Tem mais: as denúncias apontam ainda que duas empresas teriam recebido faturas por serviços que supostamente não tinham prestado. Essa história é antiga, mas tem tirado o sono de muita gente por lá, pois nem todos os que embarcaram no delírio de Biriba são calouros. Também tem o fato de a presidência da Casa não mostrar as contas, mantendo em segredo as despesas de uma instituição que custou mais de R$ 130 milhões desde que foi instalada – cerca de R$ 6 milhões só este ano – sem que Biriba revele onde e em que está sendo gasto o duodécimo repassado todo os meses pelo Poder Executivo.

Para algumas lideranças locais, a cassação teria sido apenas  um ‘recado’ ao prefeito, que ao contrário do antecessor, não fez concessões aos vereadores nem distribuiu cargos como cala-boca. Indagado se faria uma aliança para garantir o mandato, Miranda foi duro na resposta: “Tenho a consciência tranquila. Nada fiz de errado. Vou deixar esse assunto para a Justiça resolver. Não farei nenhum tipo de acordo com os vereadores. Perco o mandato, mas não me sujarei fazendo política a moda antiga”. 

Ao que tudo indica, o sonho do presidente da Câmara e seu grupo, vai é virar pesadelo.

  

Matérias relacionadas:

‘Audácia’ de ter pago salários atrasados afasta o prefeito de Mesquita

Câmara de Mesquita já custou mais de R$ 130 milhões

Falta de transparência vira caso de polícia em Mesquita

Passeio às custas do povo de Mesquita

Terceirização de pessoal custa R$ 250 milhões em Mesquita

Terceirização pode ter favorecido primeira dama de Mesquita