A crise financeira alegada pelo prefeito Aarão de Moura Brito Neto para ignorar os concursos públicos realizados pela Prefeitura na gestão anterior, deixando de convocar os aprovados para assumirem as vagas oferecidas, parece não ter chegado à Câmara de Vereadores, que continua gastando o dinheiro do povo com viagens a destinos turísticos, alegando participação de seus membros em congressos, encontros e cursos. As viagens excessivas começaram a ser questionadas em abril do ano passado, inclusive com denúncias ao Tribunal de Contas do Estado, mas se repetiram em junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro. A última delas foi para Natal (Rio Grande do Norte) e custou R$ 34.400.00. Só no ano passado os vereadores de Mangaratiba gastaram de R$ 686.620,00 em viagens de proveito e necessidade questionáveis.
Entre janeiro de 2013 e dezembro de 2017 – período em que Pedro Bertino Jorge Vaz e Vitor Tenório Santos, o Vitinho se revezaram no comando da Casa – o Poder Legislativo custou aos contribuintes mangaratibenses a soma de R$ 70.654.735,13 e desse total R$ 4.711.211,00 foram usados no custeio de viagens dos membros da Casa, com pacotes contratados sem licitação junto à três empresas, uma delas aberta no dia 26 de dezembro de 2016 e que começou a faturar no município em março do ano passado, tendo recebido R$ 414.600,00, levando vereadores a Maceió, Florianópolis, Brasília, Fortaleza, Vitória e Natal. Trata-se do Instituto de Desenvolvimento de Agentes Públicos (Idap), que substitui em Mangaratiba o Centro de Treinamento e Apoio Municipal (Centram), que entre 2013 e 2015 recebeu mais de R$ 2 milhões da Câmara, também para o translado, passagens aéreas e estadias dos “nobres edis”, como os vereadores – de modo geral – gostam de ser chamados.
Vistas como passeios pelos contribuintes que se encarregam do pagamento das contas, as viagens acontecem sempre para cidades turísticas e as despesas não ficam nada claras na prestação de contas, sendo registradas com o código 2201 (Manutenção do Plenário da Câmara), onde estão contabilizados os pagamentos feitos à empresa Falcão Centro de Capacitação e Treinamento, Centram e ao Idap.
Pelo que consta nos registros de pagamentos da Câmara, a Falcão foi a empresa que mais faturou com as viagens dos 13 vereadores nos últimos cinco anos. Foram R$ 139.590 em 2013, R$ 660.446 em 2015, R$ 1.139.670,00 em 2016 e R$ 272.020,00 no passado. Já o Centro de Treinamento e Apoio Municipal recebeu R$ 593.258,00 em 2013, R$ 990.924.00 em 2014 e R$ 499.860,00 em 2015, enquanto o Instituto de Desenvolvimento de Agentes Públicos faturou R$ 414.600,00 em 2017 e deverá ficar responsável pelas viagens que ocorrerem durante a legislatura de 2018.
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