‘Complacência’ do governador com Washington Reis irrita aliados

Chamado na Baixada de “espalha montinho”, secretário de Transportes consegue desagradar até mesmo membros de seu partido

● Elizeu Pires

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Que o secretário de Transportes Washington Reis (foto) já deixou claro de que lado vai ficar nas eleições de 2026 todas as figuras importantes da política fluminense percebem: se não conseguir derrubar a inelegibilidade que lhe tirou a vaga de vice em 2022, deverá buscar uma cadeira no Senado, deixando de lado o compromisso que tem com Flávio Bolsonaro e esquecendo a “lealdade” declarada ao governador Claudio Castro. Caso permaneça inelegível, do mesmo modo deverá deixar Castro de lado para se cacifar com Eduardo Paes e garantir espaço no novo governo, se o prefeito do Rio bater Rodrigo Bacellar nas urnas.

“Quem acompanha a carreira do ex-prefeito de Duque de Caxias sabe que ele não faz política em grupo, mas em família. Primeiro ele, depois ele. Aí vêm os irmãos. Se sobrar espaço, empurra um sobrinho, como fez com Netinho Reis em 2024, pois não poderia indicar nenhum dos irmãos deputados”, diz um ex-aliado de longa data.

Racha – Esta semana o bloco do governador na Assembleia Legislativa se dividiu em relação à Reis. A bancada do PL cobra a exoneração de Washington, que, por sua vez, demonstrar estar apostando na “falta de coragem” de Castro.

“Está ficando muito chato para o governador, que parece ter medo de tomar uma decisão contundente. Esta complacência, para dizer o mínimo, mostra um governo cada vez mais cada vez mais frágil”, diz um aliado de Castro, destacando que há descontentes até mesmo dentro do MDB, partido do qual o secretário de coloca como dono no estado.

A realidade dos números – No interior do estado Reis é visto pelos prefeitos como “Rei da Baixada”. Não sabem eles que seus colegas da região, chamam, entre eles, Washington de “espalha montinho”, e não se sentem representados por ele. Aliás, a “liderança” atribuída a Reis pelo pessoal do interior não é reconhecida na Baixada. e quando algum desinformado tenta sustentá-la surgem os números para derrubá-la. E como matemática é ciência exata e os números falam por si, não dá nem para comparar o volume de votos conferidos aos Reis com a votação obtida pelos adversários nas duas últimas eleições gerais.

Em 2018, por exemplo, o então prefeito de Duque de Caxias propagava que seus irmãos (Gutemberg e Rosenverg, deputados federal e estadual respectivamente) teriam mais de 250 mil votos juntos. Washington pretendia naquele ano firmar posição contra Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, que havia lançado a esposa Daniela e centrado apoio em Marcio Canella na reeleição para a Alerj.

Deu ruim para os Reis, pois os candidatos de Waguinho tiveram mais que o dobro da votação dos dois irmãos de Washington. Naquele ano Daniela Carneiro somou 132.286 votos, e Gutemberg Reis 54.573, enquanto Marcio Canella chegou a 110.167, e Rosenverg obteve 63.450 votos.

Veio 2022 e a vitória de Waguinho sobre Washington foi ainda maior: Daniela obteve 213.706 votos, sendo a deputada federal mais votada no estado, e, para completar a frustração do ex-prefeito de Caxias, o deputado estadual Marcio Canella, apoiado por Waguinho, também foi o mais votado para a Alerj, somando 181,272 votos, ou seja, Gutenberg teve 80.090 votos menos que Daniela, e Canela ultrapassou Rosenverg em quase 60 mil, 59.966 votos para ser exato.

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