● Elizeu Pires

A pilha de cadáveres deixada pela megaoperação policial e a grande apreensão de armas nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, em 29 de outubro, segundo gente que entende do assunto, não teria feito nem cócegas no Comando Vermelho, que não perdeu um só de seus líderes nem teve seu fluxo financeiro interrompido.
Para alguns observadores, o resultado e o sangue que jorrou só teriam servido mesmo para cacifar o governador Cláudio Castro (foto) junto aos radicais do PL, ao ponto de levá-lo a acreditar que conseguiu se libertar da família Bolsonaro, que desde o início vem mandando nele e no governo.
Para quem o tem visto por ai, o governador de hoje é bem diferente daquele homem sem brilho no olhar e cheio de medo do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que andava cabisbaixo até alguém ter a ideia de por 2.500 mil homens para atacar os bagrinhos enquanto os tubarões teriam caído fora antes mesmo dos primeiros tiros.
O sangue talvez tenha tido efeito de tônico capilar, pois o governador ganhou topete e estaria convencido de que conseguiu base suficiente para lançar-se a senador, e de quebra, ajudar seu colega de São Paulo chegar à Presidência da República. Só que para isso vai ter de deixar o Palácio Guanabara até 5 de abril de 2026, abrindo brecha para uma eleição indireta para a sua sucessão, a ser realizada na Assembleia Legislativa.
Se isso acontecer, Castro e os seus gostariam de ver o deputado Douglas Ruas escolhido pela Alerj para governar até aquele que sair vencedor nas urnas tome posse. Só que para isso vai ter de combinar com Bacellar que, para alguns castristas, se contentaria com uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas. Mas no lugar de quem?
Será que o acuado pela Justiça José Graciosa aceitaria se aposentaria antes da hora?