Um convite a reflexão

(Das deusas de nossas ruas)

Toda rua tem uma deusa. Pode não ser a mais bonita do bairro, mas, com certeza, daquele nosso universo particular - a rua onde crescemos em meio aos sonhos e uma realidade de brincadeiras -, é a mais bela. A deusa da minha rua tinha nome de santa, Clara. Estudávamos juntos, brincávamos juntos e juntos também sonhávamos, mas o tempo que possibilita a realização de sonhos é o mesmo que separa pessoas, fazendo-as dobrar outras esquinas e desaparecerem vida a fora...

“Somos do tamanho da nossa capacidade de lutar”

“O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas” Há exatos três anos publiquei o texto abaixo em homenagem aos trabalhadores do Brasil inteiro. Voltei a ele hoje, pois duas das personagens citadas estão em situações diferentes. Broa já não mais lava carros no Edicar. Está com 20 anos, tem uma filha de seis meses e conseguiu um emprego muito melhor, no qual ganha pelo menos cinco vezes mais. Jomar deixou o Posto BR, pois conseguiu comprar um táxi. Ambos avançaram por seus esforços e determinação. A continuar assim irão muito mais longe, pois não há crise suficiente para derrubar aquele que sabe aonde quer chegar e insiste na caminhada, mesmo que a estrada seja de pedra. Afinal, como disse o teólogo inglês William George Ward há mais de 150 anos, “o pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.”

 

Uma reflexão de ano novo

"...Porém, tudo muda: com o último alento podes de novo começar”, Berthold Brecht “Tudo muda. De novo começar podes, com o último alento. O que acontece, porém, fica acontecido: e a água que pões no vinho, não podes mais separar. Porém, tudo muda: com o último alento podes de novo começar.”

As palavras do dramaturgo, poeta e encenador alemão Eugen Berthold Friedrich Brecht nos diz diretamente que sempre há tempo para recomeçar. É fato que quando misturamos água ao vinho estragamos os dois, pois ambos ficam inservíveis. Pois é essa fusão infame que temos feito durante anos e anos, misturando água com tudo e fumaça tóxica com o ar. Separar não dá mais, mas podemos, como o último alento, deixar de fazê-la, para que possamos ter água e ar consumíveis.

Das deusas de nossas ruas

(Uma reflexão de domingo)

Toda rua tem uma deusa. Pode não ser a mais bonita do bairro, mas com certeza, daquele nosso universo particular - a rua onde crescemos em meio aos sonhos e uma realidade de brincadeiras -, é a mais bela. A deusa da minha rua tinha nome de santa, Clara. Estudávamos juntos, brincávamos juntos e juntos também sonhávamos, mas o tempo que possibilita a realização de sonhos é o mesmo que separa pessoas, fazendo-as dobrar outras esquinas e desaparecerem vida a fora...

Uma reflexão de domingo

“Ouvindo, ao longe, o teu magoado som, água corrente! eu me enterneço e tenho uma imensa vontade de ser bom...” Acordei tarde hoje. A matéria que entrou às 8h desse domingo e obteve 713 acessos diretos até agora, foi programada antes de eu ir para a cama, exausto por conta de um sábado inteiro de trabalho e de algumas horas de lazer à noite. O engraçado é que acordei com o soneto “Água corrente”, de Olegário Mariano, ecoando em minha alma. Não sei a razão disso, mas a última parte dessa obra, as linhas que abrem esse despretensioso texto, continua martelando aqui na minha cabeça e por isso quero compartilhar com vocês, convidando-os a uma reflexão, o poema escrito em 1917.

 

Aos trabalhadores… com muito carinho

Broa tem 17 anos e batalha por seus sonhos desde os 12. Desconheço a razão do apelido, mas sei que Jhonatan de Souza olha para frente como quem sabe o que quer da vida... Dá duro o dia inteiro lá no Edcar - é o meu lavador preferido - e à noite vai para a escola pública buscar o futuro nos livros e nos ensinamentos dos professores do nível médio. Jomar tem 39 anos e há 15 me abastece o carro. Seu filho, de 19, com ele trabalha no mesmo Posto BR, e à noite vai à faculdade por dias melhores. Germano já passou dos 70. Está aposentado e a Previdência Social lhe paga R$ 900 por mês. É na entrega de jornais em domicílios que ele completa a renda familiar. O reforço na receita é necessário para pagar os estudos da neta Thamara, seu xodó.

Esses três exemplos de trabalhadores fazem parte do meu cotidiano. Converso muito com eles e sempre aprendo alguma coisa. Um está no começo da vida laborativa, outro no meio, e o terceiro - depois de mais de 50 anos de trabalho - era para estar descansando há muito tempo. Germano é o retrato do trabalhador brasileiro: labora anos a fio e depois de aposentado ainda tem de dar o seu jeito. Salve eles, salve nós todos...

Os anônimos e a liberdade de expressão (uma reflexão de domingo)

“Você está se transformando em ditador. Onde está a liberdade de expressão?” Fui indagado insistentemente durante a semana por aqueles que se escondem no anonimato ou em perfis falsos para enviarem um monte de mensagens atacando a honra, falando de vida pessoal e fazendo acusações improváveis, sem dar a menor sustentação para que possamos basear um trabalho de apuração visando uma matéria futura. Fazem isso e ficam furiosos porque aqui não encontram o eco pretendido. Também existem os que adoram ignorar o contexto da matéria para desviar o debate e ficam fulos de raiva, porque temos regras e não aceitamos comentários fora do assunto em pauta. Falam de censura, invocam a Constituição, mas sequer sabem do que estão dizendo quando clamam por liberdade de expressão, coisa que, invariavelmente, confundem com irresponsabilidade. Quem nos acompanha sabe muito bem que aceitamos comentários anônimos sim, mas esses precisam estar dentro do contexto, pois se o assunto é uva a jabuticaba não tem que entrar na história. Se isso acontecer muda-se o foco e o debate fica comprometido.

Tem quem pense somos um bando de irresponsáveis.  Ignora que somos profissionais e que temos responsabilidade pelo que é veiculado, inclusive sobre os comentários postados na matéria. O elizeupires.com não é feito para os que não conseguem se enquadrar nos critérios do respeito e da responsabilidade. Nossos direitos, amigos anônimos que não observam o critério da responsabilidade, acabam quando começam os dos nossos vizinhos. Somos, repito, responsáveis pelo que fazemos, inclusive pela irresponsabilidade anônima, se a aceitarmos como se crível fosse. Quando afirmo que uma fruta está podre, tenho responsabilidade pela afirmação feita. Só que eu sou eu... Estou de peito aberto e rosto escancarado. Não digo isso escondido à sombra de nada. Atuo às claras.