Contrato de mais de R$ 70 milhões não melhora a saúde em Japeri

OS já recebeu R$ 62,9 milhões dos cofres municipais

● Elizeu Pires

Contratada em junho do ano passado para gerir unidades da rede municipal de saúde de Japeri, a Organização Social Centro de Medicina e Projetos Especiais (Cempes) já recebeu mais de R$ 62 milhões de um contrato com valor global de R$ 71,8 milhões, mas o que se verifica na cidade mais pobre da Baixada Fluminense é a insatisfação de usuários e profissionais da rede.

Quem não se queixa da qualidade no atendimento ou falta de remédios, reclama de atraso no pagamento de salários, o que queima ainda mais filme da prefeita Fernanda Ontiveros, que é médica e sempre citou o atendimento em saúde como prioridade.

Declarada vencedora de um chamamento público concluído em maio de 2024, a OS ganhou um contrato no valor exato de R$ 71.800;823,88 centavos, por 12 meses de prestação de serviços, que deverá ter a prorrogação por igual período confirmada nos próximos dias. Porém, a julgar pelo volume de reclamações, o que a prefeita apresentou como solução meses antes da eleição que lhe garantiu mais quatro anos de mandato, não teria melhorado em nada o setor de saúde.

De acordo com documentos disponibilizados nos links pagamentos 2024 e pagamentos 2025, entre junho e dezembro do ano passado a OS recebeu parcelas que somam R$ 32,4 milhões, e as transferências feitas a ela pelo Fundo Municipal de Saúde nos primeiros cinco meses deste ano chegam ao total de R$ 30,5 milhões.

Além das queixas apontando um atendimento ruim, a rede de saúde de Japeri foi alvo de reclamações de má gestão durante o primeiro mandato de Fernanda, inclusive em relação à aplicação dos recursos financeiros. Em abril de 2024, por exemplo, o Ministério Público e a Polícia Civil realizaram uma operação de busca e apreensão em vários endereços – incluindo a residência da prefeita –, no âmbito de inquérito aberto para apurar supostas fraudes em processos licitatórios.

No dia da operação a Prefeitura divulgou uma nota informando que a operação referia-se “à investigação instaurada no ano de 2022”  e tratava-se de “denúncias acerca de supostas irregularidades em processos licitatórios, que motivaram, na ocasião, por decisão da prefeita Fernanda Ontiveros, a abertura de sindicância e destituição da comissão de licitação”, e que a prefeita “colaborou com os agentes fornecendo todas as informações solicitadas e facilitando o acesso às dependências tanto de sua residência quanto da prefeitura, até por não ter nada a esconder”.

*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Japeri