Mulher de miliciano é eleita vereadora em Nova Iguaçu

Casada com o sargento da Polícia Militar Juracy Alves Prudêncio, preso há três anos sob acusação de chefiar a maior milícia em atividade na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, foi eleita ontem vereadora na cidade de Nova Iguaçu. Giane Silveira Prudêncio, conhecida como “Giane Jura”, ela obteve 3.527 pelo PTN, partido que faz parte da coligação do concorrente do PMDB à Prefeitura, primeiro colocado no primeiro turno. Giane adotou o nome do marido apenas para concorrer a uma vaga na Câmara. Em sua página pública no Facebook, a vereadora eleita afirma que o sargento da PM teria sido vítima de injustiça e perseguição: “(…) meu sobrenome não é por acaso. Sou esposa de um dos maiores líderes comunitários que lutou [sic] pela nossa comunidade e que hoje sofre com a injustiça e a perseguição, mas aqueles que o perseguiram não esperavam que tantas famílias indignadas mantivessem viva a chama desta luta”, afirma.

Para a polícia, porém, Juracy Prudêncio é líder e mentor da milícia conhecida como “Bonde do Jura”, que atuaria em diversos pontos da Baixada Fluminense, em especial na cidade de Nova Iguaçu e o reduto do grupo fica em Comendador Soares. Mesmo preso no Batalhão Especial Prisional (BEP), Jura teria articulado e incentivado a candidatura da mulher, segundo informações recebidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) em julho deste ano. As denúncias sobre a atuação política de milicianos em geral levou o órgão a criar uma força-tarefa para investigar e reprimir os chamados currais eleitorais.

Em 2008, Juracy Alves Prudêncio foi candidato a vereador em Nova Iguaçu, e foi o segundo mais votado no município (9.335 votos). No entanto, sua vaga na Câmara não foi confirmada porque o seu partido, o PRP, não atingiu o quociente eleitoral. Posteriormente, Jura foi condenado por falsidade eleitoral, já que teria apresentado dados errados na prestação de contas obrigatória. Em 2004, quando também se candidatou a vereador, o sargento da PM teve apenas 726 votos. No período entre as duas eleições municipais, segundo a polícia, o “Bonde do Jura” foi responsável por mais de cem mortes na Baixada Fluminense.

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