Japeri lança candidato próprio a deputado estadual

Município mais pobre da Baixada Fluminense quer ter uma voz na Alerj

Com cerca de 60 mil eleitores, o município de Japeri vai tentar, pela segunda vez nos últimos anos, eleger um político local para representá-lo na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Trata-se do vereador Marcos Arruda, candidato a deputado estadual pelo PT do B. Em 2010 o postulante local a uma cadeira no parlamento estadual foi também um vereador, o então presidente da Câmara Municipal Kerly Gustavo Bezerra, que teve na cidade 14.303 votos, com a maioria dos sufrágios sendo conferida para políticos de fora do município, como o deputado estadual André Ceciliano (PT), que foi o segundo mais votado, com 6.025 votos. Ao todo os chamados “candidatos forasteiros” tiveram 26.059 votos de um total de 40.362 votos nominais computados pelo TRE para deputado estadual na cidade naquele ano.

A preferência por candidatos de fora tem custado muito caro aos municípios da Baixada Fluminense, uma região que tem um universo de cerca de 3,2 milhões de eleitores. De acordo com os números registrados nas últimas eleições, 65% desse total são destinados a políticos sem base na região, levados para as cidades que a formam por vereadores, que nos pleitos gerais se transformam em cabos eleitorais de deputados federais e estaduais. No município de Magé, por exemplo, em 2010, para deputado federal foram computados 112.243 votos nominais e 60.867 deles foram em favor de nomes “estrangeiros”, enquanto os três candidatos locais, Nestor Vidal (23.875), Werner Saraiva (17.130) e Genivaldo Ferreira (10.371) somaram 51.376 votos. Na eleição para deputado estadual o volume de votos para nomes de fora foi ainda maior, chegando a exatos 81.761, quando os dois candidatos mageenses, Amisterdam Santos Viana (14.677) e Rafael Santos Souza (12.374) somaram apenas 27.052 votos.

Para os analistas, a opção por nomes de fora é motivada mais por razões financeiras que por comprometimento com a cidade e seus eleitores. “Os maiores responsáveis por isso, na maioria das vezes, são os vereadores. Esses fecham acordos com deputados de fora em troca de ajuda financeira para suas futuras campanhas. O deputado paga e o vereador coloca seus agregados para buscar votos nas ruas, deixando os candidatos locais sem apoio. Isso é uma realidade não só em Magé, mas na maioria das cidades fluminenses”, analisa o cientista político Murilo Contreras Mendes, para quem, entretanto, as coisas podem ser muito diferentes em 2014. No entender de Murilo, o eleitor mageense se mostrou mais amadurecido nas eleições municipais do ano passado e deverá se comportar dessa maneira nas eleições do próximo ano.

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