Pobreza incentivada

Cidade do Maranhão sobrevive do Bolsa Família e agradeceu dando 93,93% dos votos a Dilma

Belágua é um pequeno e insalubre município no interior do estado do Maranhão, marcado pela miséria e pela desinformação. Foi lá nesses confins que a presidente reeleita Dilma Roussef conseguiu o maior percentual de votos já conferido a um candidato a Presidência da República. Por obra e graça do programa Bolsa Família, que beneficia diretamente 5.168 pessoas (79,2% da população de 7.191 habitantes) ela teve 93,93% dos votos válidos (3.558). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Belágua registrou o maior salto econômico do país, tendo subido mais de mil posições no ranking de cidades por PIB per capita e também foi o município que mais cresceu em número de habitantes, outro milagre do Bolsa Família. Segundo os dados do IBGE, em quatro anos nasceram 667 crianças em Belágua e, ainda de acordo com o IBGE, o único dado positivo registrado sobre a cidade foi o fato de a população ter deixado a condição de pobreza extrema para a de pobreza.

Em 90% do município não há saneamento básico, água encanada e pavimentação das ruas e o índice de analfabetismo é de 52,11%. O pobre em melhores condições na cidade é José Raimundo Nonato Silva, de 51 anos, dono de um comércio aberto também graças ao Bolsa Família. Pai de três filhos ele também recebe o benefício do governo federal, mas disse que nunca deixou de trabalhar por causa disso. “Sou da roça mesmo. Tenho esse negócio aqui, mas eu faço farinha. Antes do Bolsa Família, eu só vendia farinha. A Dilma melhorou, tinha muita família que tava passando mal, passando fome. Agora come direitinho, tem uma coisinha pra comprar no comércio, compra comida, paga roupa”, disse ele a repórter Clarissa Carramilo do site de notícias G1, admitindo que muita gente na cidade deixou de trabalhar por causa do benefício. “Aqui tem muita pessoa que depois que recebeu essa bolsa, parou de trabalhar. Tá errado. Isso daí é uma ajuda que ela {Dilma} deu pro camarada pra ter mais aquele negócio, pra trabalhar, pra ter mais. Agora, o pessoal pega isso e não quer fazer mais roça, não quer fazer carvão, não quer mais trabalhar?”, protestou ele para a repórter.

Para a lavradora Raimunda Nonata é errado a pessoa se apegar ao Bolsa Família para não trabalhar. “Nossa cidade é a quarta das mais mal desenvolvida no estado e dentro do nosso município tem muitas riquezas. Existe campo pra pessoa trabalhar, só que, hoje, a gente vê que o próprio pessoal do município não se importa”, reclama.

Já Maria da Natividade Araújo pensa diferente: usa o benefício “para ter uma vida mais tranqüila”. Antes do Bolsa Família, ela  conta que produzia farinha e obtinha renda da venda de pandeiros, que custavam em torno de R$ 30 a R$ 40. Na casa de barro e palhoça em que mora a água é preciso ser bombeada de um poço e carregada em baldes, o  lixo é jogado em buracos e queimado, mas Maria afirma que gosta da vida que leva.

Comentários:

  1. São considerados pobres extremos, aqueles que sobrevivem com menos de R$ 70,00 por mês e pobres, aqueles que sobrevivem com 1/4 do salário mínimo.

    O valor do benefício recebido pelo Bolsa Família pode variar entre R$ 32 a R$ 242. Façam as contas amigos.

    Acredito eu que acabar com estes benefícios agora seria um retrocesso, porém, tenho certeza de que eles não são e nunca serão a solução para a pobreza no Brasil.

    Na minha humilde opinião, tudo passa pela EDUCAÇÃO, ou como muito bem disse o Elizeu, pela desinformação.

  2. A pobreza, infelizmente, é mesmo incentivada no Norte e Nordeste do país. Lá. inclusive, a campanha eleitoral é feita de forma diferente. A turma do PT faz terrorismo dizendo que se o adversário vencer o Bolsa Família vai acabar.

  3. A matéria traz informações importantes. Uma delas é que, com as necessidades básicas cobertas (pelo menos no que tange à comida), a pessoa prefere deixar de trabalhar e, com isso, não melhora na sua condição financeira e social. Acho esse benefício importante para as pessoas que estão abaixo da linha de pobreza, mas é preciso um acompanhamento do poder público para orientar as famílias. Uma assistente social nunca recomendaria que a pessoa deixasse de trabalhar só porque já consegue comer. É preciso saber se as crianças estão ganhando peso e altura, se estão indo à escola e como está o aproveitamento, se as vacinas estão em dia etc., etc. Caso contrário, haverá a segunda geração do Bolsa Família, a terceira, a quarta, ou seja, o Governo Federal vai pagar esse benefício até o ano 3000 sem que as pessoas se conscientizem que ele deveria ter um prazo pra acabar, que seria quando essa geração fizesse 18 anos e pudesse arrumar um emprego pra se manter e não mais receber o benefício.

    1. Leitor da Reta, o que os “políticos” querem é que hajam muitas e muitas gerações do bolsa família para que eles possam se perpetuar em Brasília, seja lá qual for o partido, pois todos são farinha do mesmo saco. Muito bom o seu comentário.

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