E seu retorno ao cargo de presidente da Câmara não teve caminhada triunfal pelas ruas da cidade
Ele caminhou pelas ruas em triunfo e, nos braços de seus correligionários, tomou a cadeira de prefeito em Seropédica. Deu entrevista como salvador da pátria e disse que se sentia orgulhoso de ser o prefeito mais jovem da história do município e que iria fazer e acontecer para por o governo nos trilhos. Trata-se do vereador Wagner Vinicius de Oliveira, o Waguinho do Emiliano (PRB), que ontem, por decisão da Justiça, teve de recolher-se ao cargo de presidente da Câmara, o mesmo Legislativo que, no entender do juiz Alex Quaresma Ravache, violou o processo legal para, no último dia 10, cassar o mandato do prefeito Alcir Martinazzo, reeleito pelo PSB em 2012. Martinazzo foi reconduzido ao cargo por decisão liminar contra a qual a Câmara está recorrendo.
Alcir Martinazzo foi cassado em sessão extraordinária e o julgamento, entendeu a Justiça, beneficiou diretamente o presidente da Câmara, que apressou-se em tomar posse logo após o encerramento da reunião. Em passeata até à sede do governo municipal Wagner acenava para os moradores e comerciantes e, em alguns momentos, cerrava o punho e o levantava, como se estivesse comemorando uma grande vitória pessoal. O triunfo durou pouco mais de uma semana, tempo suficiente para a distribuição de cargos e prometer novas nomeações para os próximos dias, o que, pela decisão judicial de ontem, não mais irá acontecer. “O circo acabou. A Câmara pode recorrer, mas não vai levar no grito. Vivemos em estado democrático de direito e as regras do jogo tem de ser respeitadas”, comemorava ontem um importante aliado do governo, que acredita que o grupo que levou Wagner ao poder poderá ser desfalcado nas próximas horas, embora um vereador do grupo tenha deixado escapar que eles pretendem cassar o prefeito de novo, pois objetivo é assumir mesmo o poder.
Ao redigir a decisão o juiz Alex Quaresma Ravache afirmou que houve violação do processo legal. O magistrado destacou que Wagner se beneficiou da decisão. “Nenhum processo pode ser considerado justo e adequado se quem julga ou preside o órgão julgador for diretamente interessado no resultado do julgamento”, disse o juiz, pontuando que “não cabe ao Judiciário analisar o mérito da decisão da Casa Legislativa, pois se trata de ato de natureza política. Contudo, deve o Judiciário, quando provocado, examinar a regularidade do procedimento de cassação, a fim de garantir a observância do devido processo legal”.
