Trem da alegria descarrila em Porto Real

Câmara reprova projeto que criava 200 cargos para pagar promessa de campanha

Um “trem da alegria” que elevaria os gastos do município com pessoal em mais R$ 9 milhões anuais, foi barrado por seis dos onze vereadores de Porto Real. A mensagem encaminhada pela prefeita Maria Aparecida Rocha (PDT), criava cargos de assessorias com salário de até R$ 14 mil, sem contar os 50% que poderiam ser acrescidos no contracheque a título de verba de representação. O descarrilamento do comboio da farra com o dinheiro do povo irritou muita gente na cidade, inclusive alguns vereadores, que contavam com a criação desses cargos para abrigarem cabos eleitorais.

Por conta da postura da maioria dos membros da Câmara, o clima entre as principais lideranças políticas locais esquentou muito desde a última quarta-feira, quando os vereadores Elias Vargas, Fernando do Rancho, Gilberto Caldas, Heitor Silvestre, Paulo César e Roberta Rosário decidiram votar contra três projetos de lei de autoria do Poder Executivo, entre eles o de uma reforma administrativa, elaborada na gestão do prefeito Jorge Serfiotis – hoje secretário de Governo, que teria para preencher três cargos com salário de R$ 14 e outros 30 cargos com vencimentos variando entre R$ 2 mil e R$ 3,5 mil.

Na verdade o processo sucessório de 2012 ainda faz eco em Porto Real e a razão disso está na distribuição dos cargos em comissão, que foram prometidos ao longo da corrida eleitoral. No último dia 20 a Câmara disse não a três projetos que incluíam a reorganização da estrutura administrativa aumentando em muito as despesas da Prefeitura com pessoal, com a criação de cerca de 200 novos cargos e secretarias, o que elevaria para quase de R$ 25 milhões anuais o gasto da Prefeitura só com cargos comissionados. Se a tal reforma fosse aprovada a Secretaria de Governo, teria, por exemplo, além do cargo de secretário, outros quatro de primeiro escalão, três com salários de R$ 14 mil mensais, além de outros 30 cargos com salários entre R$ 2 mil e R$ 3,5 mil.

O primeiro projeto barrado é o que modificaria o Plano Plurianual (PPA) para que também fossem viabilizadas modificações na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), através do projeto 466/2013, e consequentemente o projeto da Reforma Administrativa (467/2013). Entre os fatores que pesaram na desaprovação da criação dos novos cargos é o de que os servidores efetivos ficariam apenas com 5% de percentual mínimo dos 431 cargos em comissão – número de cargos de confiança que passariam a existir. O percentual de 5% representaria 22 cargos e os vereadores queriam que a porcentagem fosse de pelo menos 15%, o que garantiria pelo menos 65 cargos em comissão aos servidores concursados.

O desequilíbrio entre os cargos também contribuiu bastante para a reprovação da proposta: dos cerca de 200 novos CCs, 123 seriam CC6 ou CC5, com salários de R$ 900 e R$ 1.100 respectivamente, enquanto 15 pessoas passariam a ser contempladas com os novos cargos de subsecretários (SS) com salários de R$ 11,5 mil, além de seis diretores especiais (CE1), com vencimento de R$ 11 mil, sem contar os R$ 14 mil mensais aos 18 secretários, uma vez que a proposta também seria aumentar o número de secretarias de 14 para 18. Além da Secretaria de Governo, outra pasta que teria cargos aos montes para abrigar cabos eleitorais é a de Administração, cujo titular é Célio Gammaro, uma espécie de primeiro-ministro. A administração passaria a contar com 42 cargos, sendo um SS, dois CE1, nove CC1, 13 CC2, nove CC3 e seis CC4, além de dois FG1.

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