É preciso pensar… e agir

Nos meus quase 30 anos de carreira tenho acompanhado de perto vários escândalos envolvendo gestores públicos em casos de corrupção com o dinheiro da saúde. A própria Controladoria Geral da União (CGU) já constatou que pelo menos 40% dos recursos destinados aos municípios pelo Ministério da Saúde desaparece pelo ralo das irregularidades, dos superfaturamentos e das comissões pagas aos gestores desses recursos. Mas de que adianta constatar e não punir? De que servem essas auditorias que quase nunca resultam em ações judiciais e quando resultam, ninguém é condenado de verdade?

Centenas de processos envolvendo gestores corruptos se arrastam pelos tribunais anos e anos e eles continuam por aí rindo da nossa cara. Desvio de recurso da saúde, a meu ver, deveria ser tratado como crime hediondo, pois um gestor que rouba o dinheiro do remédio, do equipamento hospitalar, dos programas preventivos, mata tanto ou mais que o traficante que espalha drogas a mãos cheias e semeia pedras de crack para alimentar essa epidemia que ceifa nossas crianças e jovens Brasil a fora.

Você conhece alguém que foi parar na cadeia por desvio de dinheiro público? Eu não. Sei de alguns “buchas” que ficaram detidos por alguns dias e depois foram soltos. De quantas operações cinematográficas feitas pelas nossas polícias e pelos serviços de apoio ao Ministério Público (federal e estadual) vocês já tomaram conhecimento? De várias, né? Talvez até já tenham aplaudido os agentes envolvidos nessas operações, mas vocês sabem de algum resultado efetivo disso, de condenações, por exemplo? Eu não conheço um só caso e ai está o grande incentivo para esses canalhas, a certeza da impunidade, pois punir de verdade significa trancafiar essa gente e dela tomar o que fora saqueado.

Ações pirotécnicas não levam a nada. Geram apenas escândalos e primeira página em jornal, além de alguns minutos no noticiário das TVs, coisa que é logo esquecida pela população, que acaba renovando os mandatos desses gestores corruptos.

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