Assassinato de vereador é sinal de retrocesso em Magé

O suplente Tonico Pescador cumpria mandato pelo PMDB quando foi morto em março de 2012

Geraldão é o oitavo político morto na cidade. O primeiro foi Geraldo Ângelo, crime ocorrido 1997

O assassinato do vereador Geraldo Cardoso Gerpe, o Geraldão, ocorrido por volta das 22 horas de ontem no estacionamento da Câmara, sinaliza o retrocesso no município de Magé. A afirmação foi feita agora a pouco em nota divulgada pelo prefeito Nestor Vidal. As primeiras informações dão conta de que o crime foi cometido por um homem que estava em um veículo parado ao lado do carro do vereador, que levou dois tiros, sendo um deles na cabeça. O crime vai ser investigado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense. “Quero lamentar o assassinato do vereador Geraldão. É um crime contra a democracia e contra o povo de Magé. Quero me solidarizar com a família e sinalizar o retrocesso na volta da liberdade ao nosso município, o que faz as pessoas de boa índole se afastar da política. Representa um dia de trevas na história do nosso povo”, afirmou Vidal.

 

O município de Magé tem um histórico vergonhoso de assassinatos de personalidades políticas e de impunidade, com a execução de oito detentores de mandatos eletivos e nenhuma punição efetiva. As mortes começaram em agosto de 1997, quando o vereador Geraldo Ângelo Pereira foi morto na saída da sede do Grêmio Esportivo Estrela, em Vila Inhomirim, clube do qual era presidente. Foram mortos em Magé até ontem sete vereadores e uma vice-prefeita, sem que ninguém tenha sido efetivamente punido por esses assassinatos. O crime que mais chocou a população foi a tripla execução ocorrida no dia 16 de janeiro de 2002, quando o vereador Alexandre Alcântara, sua mãe (Edilia Rodrigues Pereira de Alcântara) e o motorista da família (Arnaldo de Souza Santos), foram metralhados na Estrada Rio-Magé.

Cinco meses depois, no dia 2 de junho, a vice-prefeita Lídia Menezes foi morta a tiros. Seu corpo foi encontrado carbonizado nas proximidades da Estrada Magé-Manilha. Em março de 1998, sete meses após a morte de Geraldo Ângelo, o médico e vereador Walter Moraes de Arruda foi trucidado a tiros quando passava pelo bairro Jardim Esmeralda, onde foi tocaiado. O então suplente Antonio Leão (que ficou com a cadeira) foi processado sob a acusação de ter encomendado o assassinato, mas não foi julgado.

Depois de uma trégua de oito anos a matança foi retomada no dia 4 de agosto de 2006 com a morte do vereador Carlos Alberto do Carmo Souto, o Chuveirinho, eleito pelo PSC. Menos de um ano depois (em fevereiro de 2007) o vereador Dejair Correa foi executado no bairro Piedade e na noite de 2 de março de 2012 foi morto Antonio Carlos Silva Pereira, o Tonico Pescador, suplente de vereador em exercício de mandato pelo PMDB.

 

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