Nova Iguaçu esconde dados sobre pagamentos à Conaf

Nelson Bornier dá uma de Lula. Não sabe de nada

Cooperativa do escândalo da merenda em São Paulo tinha contrato de R$ 11,2 milhões com a Prefeitura do município da Baixada Fluminense

“Não conheço, desconheço, nunca ouvi falar”. A resposta dada pelo prefeito Nelson Bornier ao jornal Folha de São Paulo ao ser questionado sobre o suposto pagamento de propina para a contratação, em 2013 pela Prefeitura de Nova Iguaçu, da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) para fornecimento de suco de laranja aos alunos da rede municipal de ensino, poderia soar sincera se ouvida de um contribuinte que buscasse ontem junto ao Portal da Transparência informações sobre o processo licitatório, o contrato e a relação de pagamentos feitos à instituição que está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo. É que no sistema da Prefeitura não consta nada sobre a Coaf ou a Cooperativa Nacional de Agricultura Familiar (Conaf), sucessora da primeira no município, onde foi contatada em julho de 2013 por R$ 11,2 milhões.

O esquema em Nova Iguaçu foi revelado ao MPSP por Cássio Izique Chebabi (um dos diretores da Coaf), que está preso em São Paulo. Cássio Izique Chebabi contou em delação na Operação Alba Branca que em 2012 (gestão da prefeita Sheila Gama), a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar firmou um contrato de R$ 5 milhões com o governo iguaçuano sem precisar pagar propina, mas teve problemas para receber as faturas. Por conta de uma dívida de R$ 3 milhões a Coaf decidiu recorrer à Justiça, contratando o advogado Fernando Carlomagno, mas este, ao perceber a alta lucratividade do negócio, se uniu a outros diretores para criar a Conaf, que passou a atuar em Nova Iguaçu depois de vencer uma nova licitação. Em seu depoimento Cassio afirmou que a Cooperativa Nacional de Agricultura Familiar repassou 15% do contrato, a título de propina, a secretários municipais e ao próprio prefeito Nelson Bornier.

A atuação das duas cooperativas em Nova Iguaçu fói revelada pela Folha de São em 28 de janeiro e voltou a ser notícia na última sexta-feira no telejornal RJTV, da Rede Globo de Televisão, que divulgou uma carta-denúncia escrita no dia 23 de outubro de 2013 por um funcionário da Coaf e entregue ao Ministério Público do Rio de Janeiro (núcleo de Nova Iguaçu). No documento o gerente de logística Carlos Luciano Lopes relatou que “funcionários públicos e comissionados recebiam propinas para aceitar a participação da Cooperativa Nacional de Agricultura Familiar (Conaf) na licitação, mesmo sem a empresa estar apta a participar da disputa” e que “os preços praticados estavam acima dos de mercado”. Já em resposta a TV Globo o Bornier afirmou que o contrato foi lucrativo para o município, pois teria gerado economia.

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