Moradores de Silva Jardim estão entre a cruz e a espada

Marcelo Zelão e Anderson Alexandre respondem na Justiça por denúncias de fraudes em processos licitatórios

Os dois nomes vistos como mais fortes na disputa pelo poder respondem na Justiça pela acusação de fraudes em licitações

A expressão “entre a cruz e a espada” remete a Idade Média, quando os inquisidores da Igreja Católica julgavam os hereges, buscando convertê-los por bem ou por mal. Quem aceitava a cruz supostamente estaria salvo, mas tinha duras penitências e contas a pagar por uma salvação imposta pelo medo. Já quem não se convertia tinha de enfrentar a espada e aí as cabeças rolavam. Hoje estar entre a cruz e a espada é se encontrar diante de escolhas difíceis, pelas quais pode ser cobrado alto preço e é exatamente assim que os moradores mais antenados de Silva Jardim, pequeno município do interior fluminense, estariam se sentindo. É que, de acordo com lideranças políticas locais, os dois nomes mais fortes com pretensões ao poder seriam o prefeito Anderson Alexandre e o ex-prefeito Marcelo Cabreira Xavier, o Zelão, ambos com contas a acertarem na Justiça, onde respondem a ações de improbidade administrativa e fraudes em processos licitatórios, situação que por si só já provoca incertezas.

Zelão foi eleito prefeito em 2008 pelo PT. Quatro anos depois ele tentou a reeleição e foi derrotado por Anderson Alexandre e deverão se enfrentar novamente este ano. Marcelo é pré-candidato à sucessão de Anderson e este pré-candidato a reeleição. Assim como os mesmos objetivos, os dois respondem por acusações idênticas: Zelão foi denunciado pelo Ministério Público, que apontou fatos graves em duas licitações, uma para locação de ônibus para o transporte de estudantes universitários e outra para a contratação de uma empresa para fornecer peças e fazer consertos nos veículos da frota da Prefeitura. Nos dois processos o MP denuncia que os pregões teriam sido arranjados, que havia ocorrido fraudes que contaminaram os certames e beneficiaram as empresas vencedoras. Na segunda ação a Justiça decretou o bloqueio das contas bancárias de Zelão, do ex-vice-prefeito e ex-secretário de Educação, Fernando Augusto Bastos e de mais 13 pessoas.

No caso do atual prefeito, Anderson vem batendo de frente com a legalidade desde o início de sua gestão e a primeira denúncia fraude envolve uma licitação de 2013, realizada para contratar uma competição de MotoCross. Nesse caso o MP apontou falsidade ideológica, formação de quadrilha e crime da Lei de Licitações, denunciando oito pessoas. Em outra ação a promotoria pediu o afastamento de Anderson Alexandre, acusado no processo de fraudar uma licitação de R$ 20 milhões. O MP responsabilizou o prefeito por improbidade administrativa por ter organizado um pregão de “cartas marcadas” em favor da empresa General Contractor, contratada para fornecer mão de obra para vários órgãos da administração municipal. Atualmente o prefeito Anderson Alexandre responde a sete ações de improbidade e novos inquéritos estão em andamento no Ministério Público.

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