“O casamento entre pessoas do mesmo sexo é pecado”. É com esse pensamento que a bancada evangélica na Câmara dos Deputados trabalha contra a união gay agora legitimada. Esses nobres representantes do povo também conseguiram tirar de circulação uma campanha de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis porque a peça publicitária tinha como slogan a frase “Sou feliz sendo prostituta”. Esse bloco atua também contra o uso de imagens religiosas em repartições públicas – ao mesmo tempo em que defende monumentos à Bíblia nas praças que também são públicas -, mas parece não ver nada demais ter no grupo ladrões do dinheiro público. Com isso sugere que casamento gay e uma prostituta declarar-se feliz é pecado diante aos olhos de Deus, mas afanar não.
Defensora da honra, da moral, da família e dos bons costumes, a bancada evangélica se preocupa demais com a vida dos outros e não olha para o próprio rabo. Ataca usando a Bíblia como Constituição naquilo que a deixará bem com os fieis das igrejas e eleitores em potencial, mas ignora o que a Bíblia diz lá em Êxodo 20, no oitavo mandamento “Não furtarás”. Pois é, parece que aos olhos desses deputados-pastores roubar o dinheiro público é menos grave ou não tem gravidade alguma. Parece que isso não é crime e nem pecado na concepção da maioria dos membros dessa bancada, pois 57% deles respondem a processos judiciais por vários delitos, inclusive formação de quadrilha, peculato e sonegação fiscal, desrespeitando, nesse caso, também o décimo mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”.
Esses parlamentares que assim se comportam, andam na contramão. Atropelam montados na ignorância e na intolerância, falam como se fossem exemplos de boa conduta, donos de uma verdade na qual só os seus iguais acreditam. É preciso que se entenda que vivemos em estado democrático de direito, que os direitos individuais do cidadão – independente do que se lê na Bíblia – são sagrados e que essa garantia é constitucional.
O Brasil tem uma Constituição aprovada e promulgada. Pode até ser falha em alguns pontos, mas é a Constituição e tem de ser respeitada. Se uma pessoa é feliz sendo prostituta ninguém tem nada com isso, se dois homens ou duas mulheres querem oficializar sua união isso é direito e problema deles. Se os evangélicos são contra, que não aceitem isso entre os seus, mas não venham, em nome da Bíblia, pretender condenar os que dessa forma são felizes. Que tal refletirmos um pouco sobre isso nesse domingo que só está começando?
Tenham um excelente dia em família. Fiquem todos na graça do Grande Pai. Prometo voltar amanhã, às oito em ponto, se Ele assim me permitir.