História esquisita leva advogado à prisão em Macaé

Criminalista é acusado de roubar dois celulares. Reconhecimento por foto se deu por causa do terno, da gravata e das “sobrancelhas grossas”, detalhe que a vítima dizer observado apesar de o “bandido” estar de capacete no momento do crime 

Uma história vista como “muito estranha” levou um advogado à prisão em Macaé. O criminalista Marino Victer Dias Junior (foto) foi preso preventivamente quinta-feira (15), acusado de um assalto que teria ocorrido em 14 de novembro do ano passado e só foi registrado no dia 11 do mês seguinte. Segundo as vítimas, ele teria usado uma pistola de ar-comprimido para lhes tomar dois aparelhos de telefone celular. Ronni Petter Carvalho da Silva e Wemerson Gonçalves contaram à polícia em depoimentos prestados no dia 8 deste mês, que reconheceram o suposto assaltante através de fotografia, “por causa do terno e das sobrancelhas grossas”. Disseram isso mesmo após revelarem que o homem usava um capacete. O fato estranho é que eles afirmaram que após o crime o suposto bandido lhes chamaram para ajudá-lo a fazer sua mudança de uma residência para outra.

Segundo o registro, Marino estava numa moto vermelha, vestia terno, gravata e mostrou a arma para em seguida tomar os dois celulares. No registro consta ainda que na casa, quando foram ajudar o suposto assaltante na mudança, Ronni e uma testemunha  teriam visto a arma de ar comprimido e ouvido de Marino a confissão de que fora ele mesmo o autor do crime.

Militante há vários anos em Macaé, Marino nunca foi preso ou processado criminalmente. Exerceu dois mandatos de conselheiro tutelar, é servidor municipal efetivo e a seu favor a 15ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil emitiu declaração atestando sua idoneidade. Segundo o advogado Felipe Roulien Azeredo Guedes Camillo, que está assistindo o acusado, os elementos usados na acusação não tem lógica e existem pontos obscuros na história contada pelas testemunhas de acusação.

“Eis que o crime fora supostamente cometido no dia 14 de novembro de 2017, o registro de ocorrência foi realizado por Ronni no dia 11 de dezembro, juntamente com o primeiro depoimento. O segundo depoimento se deu no dia 1º de março e os depoimentos de Wemerson e da testemunha foram tomados no dia 6. Temos um registro de ocorrência realizado aproximadamente 30 dias depois do fato e sem apresentação da respectiva nota fiscal de aquisição dos produtos supostamente roubados. O reconhecimento se dá através de fotografia em que a vítima assevera ser o acusado autor do delito em razão das sobrancelhas grossas e por estar de terno e gravata. Quem em juízo perfeito chama a vítima de seu crime para ajudá-lo com a mudança e ainda confessa?”, questiona Felipe, lembrando que um jornal da cidade noticiara que Marino teria rusgas com alguns policiais.

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