O índice da vergonha

Quatro cidades da Baixada estão entre maiores do país sem tratamento de esgoto

A falta de saneamento básico é uma das principais causas das doenças diarreicas no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema afeta principalmente a população de baixa renda e causa 88% das mortes por diarreia no mundo. Desse total, 84% são crianças. As diarreias são a segunda maior causa de morte de menores de 5 anos. Por ano, 1,5 milhão de crianças morrem por doenças diarreicas, frequentes nas estações chuvosas e em países quentes, já que inundações e secas aumentam o risco de cólera, giardíase, febre tifoide e infecção por Escherechia coli e Shiguella. No Brasil, elas representam 80% das doenças relacionadas ao saneamento inadequado.

Dados do Ministério da Saúde mostram que doenças do aparelho digestivo são a sexta causa de morte no país, enquanto as doenças infecciosas e parasitárias ficam em sétimo lugar. O sistema Datasus revela que o número de óbitos por doença diarreica aguda em menores de 5 anos de idade em 2010 foi 36 na região metropolitana do Rio de Janeiro e 46 no estado do Rio, chegando a 1.005 no Brasil, o que representa 2,1% do total de óbitos no país.

Entre os 30 municípios com maior número de internações estão Nova Iguaçu (165,2) e São João de Meriti (138,4), também na Baixada, além de São Gonçalo (114,5), na região metropolitana, e Campos dos Goytacazes (115,2), no norte fluminense. Duque de Caxias, na Baixada, aparece na posição 37, com média de 58,6. O município do Rio de Janeiro está bem colocado, em quinto lugar, com média de 15 internações por doenças diarreicas por ano a cada 100 mil habitantes.

Em 2011, das 396 mil pessoas internadas por diarreia no Brasil, 14% moravam nos 100 maiores municípios analisados. Somente nas dez cidades com as maiores taxas foram 20 mil internações, o que corresponde a 35% do total da amostra analisada. O levantamento revela também que 53% das internações por diarreia foram de crianças, que são mais vulneráveis à falta de saneamento.

Em 60 das 100 cidades analisadas na pesquisa Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População, feita pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Trata Brasil, com dados de 2008 a 2011, o baixo índice de saneamento básico levou à alta taxa de internação. Nas 20 melhores cidades em taxa de internação, em média 78% da população era atendidos com coleta de esgoto. Nas dez cidades com maior índice de internação, menos de 30% da população tinham coleta de esgoto. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o número caiu 51% de 2003 a 2008. Apesar da melhora, a taxa de mortalidade por mil nascidos vivos em menores de 5 anos no Brasil era 18,6 em 2010, ante 32 no ano 2000. Uma das metas do Programa Brasil Carinhoso, de proteção à primeira infância, é reduzir as mortes por diarreia em 28% nessa faixa etária.

 

 

 

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.