Desconto “merreca” vira peça publicitária em Resende

Prefeito havia prometido cortar R$ 1,20 na passagem de ônibus. Tira só 20 centavos e ainda faz obra-oba em vídeo veiculado nas redes sociais

Ainda que ajude na conta do cafezinho ou faça a alegria do pedinte do sinal de trânsito, R$ 0,20 é um valor irrisório. A “merreca”, no entanto, se transformou em mote para propaganda pessoal do prefeito de Resende. Diogo Balieiro Diniz (foto) resolveu concentrar a publicidade de seu governo para divulgar uma decisão judicial que manteve os efeitos de um decreto assinado por ele em abril deste ano, reduzindo em R$ 0,20 o valor da tarifa de ônibus na cidade, cujo valor atual é de R$ 3,60. Mas para a população, a conta não é bem esta, já que Balieiro passou toda a campanha eleitoral prometendo reduzir para R$ 2,40 o preço da passagem além de abrir concorrência para quebrar o monopólio da empresa São Miguel, concessionária que há 17 anos mantém o monopólio do transporte coletivo dentro ma cidade do Sul Fluminense e presta um péssimo serviço à população.

Se não cumpre a promessa de licitar a empresa concorrente para que a população ande em veículos novos em com opções de horários, o prefeito não mede esforços em gravar vídeos para as redes sociais. No começo desta semana, o “artista” gravou um para propagandear a “derrota” da São Miguel que tentava derrubar o decreto dos R$ 0,20. Ontem (dia 29), Balieiro foi novamente para frente da câmera para anunciar uma segunda decisão judicial que negou à concessionária um pedido de interrupção das atividades de fiscalização a aplicação de multas por parte da Prefeitura. Enquanto o prefeito dissemina seus vídeos na internet, as sucatas da São Miguel continuam quebrando, mesmo com as fiscalizações do poder concedente, apontada como “míope” pelos usuários, que, além dos constantes enguiços, reclamam de problemas crônicos, como a redução nos horários das linhas e a sobrecarga dos motoristas, que agora acumulam a função de cobradores. 

Para muitos, a “briga” entre Diogo e a São Miguel não passa de um jogo de compadres. Entre os motivos da desconfiança está a renovação parcelada que o chefe do Executivo determinou à empresa, o que significa que a São Miguel tem um prazo até 2020, último ano de contrato, para completar a troca de suas latas velhas. Este tempo dilatado em favor da empresa soa como um presente aos olhos dos mais atentos, mas também sinaliza para uma possível estratégia do prefeito de acalmar os ânimos da população e facilitar por mais 20 anos o contrato com a proprietária da frota de sucatas.

 

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