Macaé trava batalha contra acúmulo de resíduos na guerra contra doenças como dengue, febre chikungunya e zika vírus

Em Macaé cuidados dobrados para evitar manchas no visual da cidade e os vetores de doenças – Foto: Rui Porto Filho

Registros do Ministério da Saúde apontam que o número de casos dengue no ano passado foi 488% maior que o verificado em 2018, uma realidade que acende o sinal de alerta nos municípios. Em Macaé, no Norte Fluminense, tanto quanto o combate aos focos do mosquito aedes aegypt, a batalha contra o acumulo de resíduos sólidos em vias e terrenos baldios, faz parte do esforço de prevenção a males como dengue, febre chikungunya e zika vírus, fantasmas que reaparecem a cada verão, trabalho dobrado pelo reaquecimento da economia local, que resulta no aumento das construções e, consequentemente, a disposição de entulhos e inservíveis por parte da população.

Nessa batalha estão unidas as secretarias de Infraestrutura e Saúde. A primeira, responsável pelo serviço de limpeza, vem assegurando a coleta de diária de lixo em todo o município, um serviço apontado como referência na região, já que boa parte dos municípios costuma fazer a coleta em dias alternados. A segunda promove medidas para a contenção das doenças e controle do seu vetor, além de ações de autoridade sanitária, visando impedir hábitos e práticas que exponham a população ao risco de contrair esses males.

Coleta efetiva faz diferença – Para as autoridades de saúde, um serviço de limpeza urbana eficaz faz toda a diferença, pois o lixo domiciliar – combinado com entulhos e inservíveis, quando não devidamente coletados – é fonte de graves problemas, riscos que aumentam muito com a formação de áreas preferenciais de descarte por parte da população, nas quais ratos, baratas e moscas, vetores transmissores de doenças, podem fazer a festa.

Mais que poluir o visual de uma cidade com vocação turística como Macaé, o acumulo deste tipo de resíduo é uma grande ameaça à saúde, daí a vigilância permanente por parte do poder público. De acordo com a Prefeitura, atualmente são coletadas cerca de oito mil toneladas mensais de entulhos e inservíveis, o que impacta diretamente na saúde da população local e ajuda a preservar vidas.

Situação preocupante em Cabo Frio e Arraial do Cabo

Dezembro foi de lixo nas ruas em Arraial do Cabo

Segundo a Companhia de Serviços de Cabo Frio (Consercaf), empresa pública responsável pela limpeza no município, a coleta de lixo é feita por 350 trabalhadores recrutados por ela, e a remoção está a cargo da empresa Perspectiva Soluções Ambientais, contratada sem licitação para fazer o transporte dos resíduos sólidos. Segundo a autarquia, seriam 21 caminhões compactadores, duas carretas e um furgão licenciado para coleta hospitalar, mas a população quer saber onde estaria atuando essa frota toda, já que, segundo moradores e comerciantes, “o serviço anda de mal a pior”, realidade conferida por quem resolveu visitar a cidade no final do ano e nos primeiros dias de janeiro.

A 12,5 quilômetros de Cabo Frio está o município de Arraial do Cabo, o segundo mais visitado na Região dos Lagos. Se iguais em praias e na preferência dos turistas, está sendo igual também na precariedade do serviço de limpeza, prestado pela empresa Ecomix, que deveria operar com cinco compactadores, mas em dezembro chegou funcionar com apenas dois, conforme admite a própria Prefeitura, que teve de fazer locações emergenciais. Em pleno período de festas a empresa operou em alguns dias com apenas 30% do efetivo, segundo a administração municipal.

Contrato novo, velhas queixas – Há anos que moradores e visitantes reclamam da qualidade do serviço de limpeza e coleta de lixo em Arraial do Cabo, situação que chegou-se acreditar que melhoria a partir de julho do ano passado, quando a empresa Ecomix Gestão e Planejamento foi contratada pela Prefeitura por R$ 5,7 milhões para coletar o lixo, varrer e capinar as ruas, depois de ter sido declarada vencedora da concorrência pública aberta para essas finalidades. Passado pouco menos de cinco meses a firma reduziu o ritmo, alegando atraso no pagamento das faturas.

Pelo que se diz no mercado, uma empresa voltada para a limpeza urbana tem de entrar na chuva sabendo que vai se molhar, pois o atraso no pagamento das faturas já é visto como normal. O representante de firma que atua na Baixada Fluminense e em cidades de outras regiões, diz, por exemplo, que tem Prefeitura devendo até quatro meses de serviços prestados. “Se formos parar o serviço ou reduzir o ritmo por causa disso o lixo toma conta das ruas. É preciso ter lastro e jogo de cintura. Recebemos aqui, pagamos aqui e ali para não deixarmos a peteca cair”, explica ele.

O espaço está aberto para manifestação das prefeituras de Arraial do Cabo e Cabo Frio.

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