Transporte e habitação foram os que mais pressionaram a taxa
A inflação desacelerou para todas as faixas de renda em novembro. A constatação faz parte da análise do Indicador de Inflação por Faixa de Renda, divulgada ontem (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No segmento de renda mais baixa, a taxa saiu de 1,35% em outubro para 0,65% em novembro. Já para as famílias de renda média e média-alta o ritmo da queda foi menor e passou de 1,1% para 1,08%.
De acordo com o Ipea, ainda que tenha ocorrido desaceleração em novembro, a inflação acumulada nos 12 meses para as famílias que recebem menos de R$ 1.808,79 atingiu 11%, o que significa um percentual maior que o das famílias que ganham mais de R$ 17.764,49, que alcançaram 9,7% na inflação acumulada em 12 meses.
As maiores pressões inflacionárias no acumulado do ano ficaram com as famílias de renda média-baixa, que têm rendimentos mensais de R$ 2.702,88 a R$ 4.506,47; e as de renda média com rendimentos entre R$ 4.506,47 e R$ 8.956,26. Para a faixa de renda média-baixa, as variações acumuladas ficaram em 9,6% e na de renda média foram de 9,5%.
Influências – Transporte e habitação foram os grupos que mais contribuíram para a alta inflacionária das famílias de todas as faixas de renda. A pressão nos transportes pode ser explicada pelos aumentos da gasolina (7,4%), do etanol (10,5%), das tarifas de ônibus interestadual (1,6%) e dos transportes por aplicativo (6,8%), além da variação nos preços dos automóveis novos (2,4%) e usados (2,4%). Na habitação, foram os reajustes de energia elétrica (1,2%), do gás de botijão (2,1%) e do gás encanado (2%), além dos aluguéis (0,84%) e condomínios (0,95%).
Para as famílias de renda mais elevada, parte do impacto inflacionário dos transportes foi amenizada pelas quedas de 6,1% das passagens aéreas e de 1,8% do aluguel de veículos no segmento de transportes. No entanto, a evolução dos serviços pessoais e de recreação, como hospedagem (2,6%) e pacote turístico (2,3%), contribuíram para a inflação em novembro.
O segmento alimentos e bebidas contribuiu para aliviar a inflação das famílias de renda mais baixa. Houve quedas significativas nos preços de itens importantes na cesta de consumo, como cereais (-3,2%), carnes (-1,4%) e leite e derivados (-1,5%). Outro fator que provocou impacto e ajudou a diminuir a pressão inflacionária em todas as faixas de renda foi a deflação de 3% dos artigos de higiene pessoal.
Inflação – Para as duas faixas de menor renda, a inflação de novembro ficou abaixo da registrada no mesmo mês de 2020. O motivo é a melhora no desempenho dos preços dos alimentos em 2021. No ano passado ocorreram altas expressivas dos cereais (4,9%), tubérculos (16,2%), carnes (6,5%) e óleos e gorduras (6,5%). Em movimento contrário, a piora da inflação corrente para as famílias de renda mais alta vem dos reajustes mais modestos, em 2020, da gasolina (1,6%), do óleo diesel (1,6%) e dos automóveis novos (1,1%), além da queda dos produtos de informática (-1%) e dos gastos com hospedagem (-0,4%), em relação aos registrados neste ano.
Doze meses – Na avaliação do Ipea, os acumulados nos últimos 12 meses “já revelam uma leve desaceleração da inflação para as faixas de renda mais baixa”. No entanto, nos segmentos de maior renda seguem em trajetória de elevação.
“Enquanto os reajustes da energia elétrica (31,9%) e do gás de botijão (38,9%), aliados à alta dos alimentos no domicílio (9,7%), explicam o comportamento da inflação em 12 meses para as classes de menor renda, os aumentos dos combustíveis (52,8%), das passagens aéreas (36,6%) e dos serviços de recreação (8,6%) contribuíram fortemente para a pressão inflacionária nas faixas de renda mais alta”, informou o Ipea.
(Com a Agência Brasil)