Extermínio de macacos preocupa pesquisadores da Fiocruz

Cerca de 70% dos macacos encontrados mortos no no estado do Rio de Janeiro sofreram agressões

Dos 131 animais mortos em janeiro no estado 90 sofreram agressões

A ignorância do ser humano é mais letal aos macacos que o vírus da febre amarela. É isso que mostram os números registrados este ano. No mês de janeiro, segundo as autoridades sanitárias, ocorreram no estado do Rio de Janeiro 131 mortes de macacos e pelo menos 90 deles apresentavam sinais de violência, vestígios de agressão humana, mortos, em sua maioria, a pauladas. Os números levaram a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz Mariana Rocha David, doutora em biologia parasitária, a fazer um alerta: a grande mortandade de macacos provocada por espancamento ou de envenenamento pode sobrecarregar o sistema de detecção do vírus da doença, atrasando a identificação. Ela afirma que confirmação de que o macaco de fato morreu vítima da doença pode demorar um tempo maior diante de uma grande quantidade de amostras de sangue desses animais chegando aos laboratórios de referência para serem analisadas.

Na verdade, os que matam esses animais estão exterminando um grande aliado no combate e na prevenção à febre amarela. É o macaco que dá o alerta de que o mosquito transmissor do vírus da febre amarela está em determinada região. “Além de a gente estar matando o animal que mostra onde está a circulação do vírus, cometendo crime ambiental, provocando desequilíbrio ecológico, a gente está sobrecarregando o sistema que detecta os casos”, disse a pesquisadora, esclarecendo anda que se a população de macacos for dizimada, a tendência é que os mosquitos silvestres transmissores do vírus que circulam na copa das árvores voem até a borda da floresta, onde podem infectar uma pessoa que não está imunizada.

Visando proteger os animais a Linha Verde, plataforma criada pelo Disque-Denúncia para delatar crimes ambientais, lançou uma campanha contra o ataque a macacos no Rio de Janeiro. A sugestão é de que ao encontrar macacos mortos ou doentes (animal que apresenta comportamento anormal, que está afastado do grupo, com movimentos lentos), o cidadão deve informar o mais rapidamente possível à Secretaria de Saúde local. 

De acordo com os especialistas, os macacos são aliados que ajudam a mapear a presença do vírus e não transmitem a febre amarela, que só é adquirida por meio da picada de um mosquito infectado. Eles afirmam que a infecção nos animais dura entre três e cinco dias e, após esse período, eles morrem ou se tornam imunes. Dessa forma, as agressões atingem geralmente macacos sadios, que não tiveram contato com o vírus, ou que já estão imunizados. Ainda segundo os especialistas, “a febre amarela é uma doença de surto que atinge grupos de macacos e humanos e é causada por um vírus da família Flaviviridae, que é transmitida pelo mosquito Haemagogus em áreas rurais e silvestres”.

A  Linha Verde pode ser aciomada através dos telefones (21) 2253 1177 ou 0300 253 1177 (interior do RJ, custo de ligação local) e também pelo APP “Disque Denúncia RJ”, disponível para celulares com sistema operacional Android ou IOS.

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.