● Elizeu Pires
No olho do furacão desde que o homem que assina por ela negou em matéria veiculada pela TV Globo em julho deste ano ter ligações com a instituição, a Organização Social Instituto de Medina e Projeto (IMP) passou a ser chamada de “OS sem dono” nos municípios em que atua, inclusive em Queimados, onde tem um contrato de cerca de R$ 40 milhões. Comenta-se por lá que sua substituição na administração do Hospital e Maternidade Municipal poderá ocorrer antes mesmo do fim do contrato, mas isso não significaria que o grupo que estaria por trás dela perderia seu espaço no que se tornou um “negócio da china” desde que o prefeito Glauco Kaizer resolveu entregar a gestão de unidades públicas de saúde às ditas “entidades sem fins lucrativos”.
É que o Centro de Medicina e Projetos Especiais (CEMPES), que seria ligado ao mesmo grupo, foi declarado vencedor do chamamento público realizado pela Prefeitura no mês passado, tendo como objeto a administração das unidades de atendimento primário da rede municipal de saúde, devendo firmar nos próximos dias um contrato que pode chegar a mais de R$ 100 milhões em dois anos.
O resultado do processo licitatório ainda não havia sido publicado no diário oficial até o final do expediente de ontem (30), mas a comissão de seleção da Secretaria de Saúde já rejeitou dois pedidos de impugnação apresentados pelo Instituto Multi Gestão (IMG) e Instituto de Atenção à Saúde e Educação (IASE), e tudo indica que o caso deverá ser questionado na Justiça.
Coincidências? – A OS Centro de Medicina e Projetos Especiais foi aberta em 2013 e tinha como sede, até 2021, a sala 01 do prédio de número 1200 da Avenida Dedo de Deus, em Guapimirim. Sua mudança para o endereço atual (Rua Monsenhor Lustosa, 25, Centro, Barra Mansa) foi decidida em assembleia realizada no dia 1º de outubro daquele ano, cuja ata foi assinada pelo empresário Ulysses Medeiros Rangel – que atuou como secretário – e a presidente da instituição, Marilena Aparecida de Medeiros.
O que desperta a atenção para uma possível ligação entre o IMP e o CEMPS, é o fato de Ulysses ter sido um dos donos da empresa Blauberg Gestão de Recursos Humanos que, pelo menos no papel – pertence ao cantor de bares churrascarias do sul fluminense, Patrick Giovanni Santi Goncalves de Barros. A Blauberg, segundo a TV Globo denunciou em matéria veiculada em 29 de agosto, faria parte de um grupo integrado por duas organizações sociais e uma firma de terceirização de mão de obra, o Instituto de Medicina e Projeto (IMP), o Instituto de Capacitação Profissional (ICAP) e a empresa Itanhangá, que assinaram vários contratos com o poder público, alguns deles, inclusive, sem licitação.
Pelo que consta nos registros do site transparenciabr.org a Blauberg tem como donos o cantor e uma outra empresa que tem Patrick Giovanni como administrador, a PGSB Participações, associada à primeira, e que o cantor teve como sócio o empresário Ulysses Medeiros Rangel, que representou a OS CEMPES junto à Prefeitura de Barra Mansa, em ato de renovação de um contrato firmado em 2019.
O que alguém poderá vir a tratar apenas como coincidência, pode apontar para outro lado. Em entrevista para a TV Globo no âmbito da matéria veiculada em 29 de agosto, o advogado Carlos Eduardo Bayeux afirmou ter comprovado na Justiça que a Blauberg, o IMP e ICAP são do mesmo grupo. “Eu comecei a comparar as atividades feitas pro todas empresas, endereços, advogados em comum, funcionários em comum os funcionários dessas empresas circulavam entre as empresas. Tenho clientes aqui no escritório que trabalhavam para a IMP com carteira anotada pela Blauberg e recebia pelo Icap. Tem pessoas que trabalham para a Icap, com carteira assinada com a Blauberg e eram pagos pelo Imp e assim sucessivamente”, disse ele na matéria.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Queimados e das instituições citadas na matéria
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