Silva Jardim quer saber quem governa a cidade

Medo de possível interferência de ex-prefeito que teve gestão marcada por inquéritos, denúncias de fraude e operações policiais atormenta os moradores da cidade

Elizeu Pires

De acordo com o Demonstrativo de Distribuição de Arrecadação do Banco do Brasil, Silva Jardim, pequeno município do interior do estado do Rio de Janeiro, recebeu – fora as transferências do governo estadual – R$ 6,2 milhões em repasses constitucionais da União (confira aqui) em janeiro, mas não há registro disso no Portal da Transparência municipal, assim como não existem dados sobre as despesas pagas no primeiro mês da gestão interina do prefeito Fabrício Azevedo, presidente da Câmara de Vereadores alçado a governante por força da anulação dos votos dados ao ex-prefeito, o também interino Jaime Figueiredo, o que resultara em eleição suplementar a ser marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Segundo os dados do Demonstrativo de Distribuição de Arrecadação, Silva Jardim recebeu no mês passado exatamente R$ 6.263.039,61, R$ 2.001.936,74 do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), R$ 2.668.317,14 de royalties do petróleo e R$ 2.668.317,14 do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Além desses repasses do tesouro federal, a Prefeitura recebeu R$ 1.026.855,98 do Fundo Nacional de Saúde (FNS), e tanto quanto a falta de transparência verificada nesse início de gestão, preocupa os observadores mais atentos uma possível influência do deputado estadual Wanderson Gimenes Alexandre, mais conhecido no município como Anderson Alexandre, que teria indicado, entre outros cargos, o comando da Secretaria Municipal de Saúde.

Eleito prefeito em outubro de 2012, Anderson Alexandre foi reeleito em 2016, mas renunciou em março de 2018 para concorrer a deputado estadual. Quase dois mês depois ter sido declarado eleito para a Alerj, Anderson foi preso em uma operação da Polícia Civil em apoio ao Ministério Público, junto com o então presidente da Câmara de Vereadores, Roni Luiz Pereira da Silva, o Roni da Alexandre.

Os dois, um empresário e gente do alto escalão da Prefeitura, foram denunciados por fraude em licitação e contratos, acusados de integrarem um esquema de arrecadação de vantagens ilícitas, em troca de contratos de favorecimento a empresas em processos licitatórios.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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