Itatiaia: Inertes aos desmandos de Dudu na privatização da água, vereadores estariam com dificuldade para driblar rejeição da população em possível disputa na eleição suplementar

● Elizeu Pires

Eleitos para serem representantes do povo, os 11 vereadores de Itatiaia, ao que parece, não passaram de plateia de luxo diante de mais uma possível manobra política encabeçada pelo ex-prefeito Eduardo Guedes, que deverá arder no bolso das famílias da cidade do sul fluminense todo mês durante os próximos 35 anos na conta de água e esgoto. Isso porque a concessão aconteceu à revelia da participação popular e sem resistência dos parlamentares, acostumados a se vangloriar de indicações e outras proposituras nas redes sociais. A suposta inércia estaria rendendo aos nobres edis a alcunha de “vereadores-planta”.

A concessão aconteceu no último dia 29 de dezembro, quando a cidade foi incluída goela abaixo dos moradores no bloco 3 da privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), arrematado pela empresa Saab Participações II ao valor de R$ 2,2 bilhões.

Com as impressões digitais de Dudu cada vez mais visíveis na privatização da água, os vereadores Thiago Moreira, o Thiaguinho, João Marcio e Bruno Diniz deverão encontrar ainda mais dificuldades junto à população para se explicar. Isso porque o trio estaria na disputa para compor a chapa de prefeito e vice do grupo político de Dudu para a eleição suplementar do próximo dia 13 de março. Embora os observadores da política local garantam que Thiaguinho, ex-chefe de gabinete de Dudu e atual prefeito interino, esteja em vantagem diante dos olhos do (ex) chefe.

A Saab pertence ao grupo Águas do Brasil, que em 2019 foi uma das empresas designadas por Dudu a fazerem estudos técnicos relacionados ao abastecimento de água e tratamento de esgoto com objetivo de privatizar estes serviços no município. O que possivelmente poderia acontecer depois de o ex-prefeito garantir um novo mandato, em novembro de 2020, mas que acabou se transformando em duas impugnações na justiça eleitoral que impediram o retorno de Guedes à posse de seu objeto de desejo: “a caneta de ouro de Itatiaia”.

Longe do poder, Dudu lançou mão de artifícios jurídicos que ajudaram a promover a instabilidade político-administrativa em Itatiaia. Tanto que ele conseguiu travar a eleição que deveria ter acontecido no último dia 12 de setembro ao obter uma liminar junto ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O que esticou o mandato do então prefeito interino Silvano Rodrigues, o Vaninho, colega de partido de Dudu.

Embora a liminar tenha caído em outubro, Vaninho teve tempo para assinar um ofício endereçado à Secretaria Estadual da Casa Civil solicitando a adesão de Itatiaia ao projeto de privatização da Cedae, que sequer opera no município. A assinatura aconteceu no dia 19 de outubro – com as bênçãos dos “vereadores-planta” –, quando Itatiaia já poderia ter um prefeito eleito e empossado, se não fossem as artimanhas jurídicas de Dudu.

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