Vitória de Irineu nas urnas derruba grupo que estava há anos no poder

Escolha do povo acaba com o sonho de um terceiro mandato ainda que indireto acalentado por Dudu Guedes

● Elizeu Pires

A vitória de Irineu deve estar doendo mais em Dudu do que nos vereadores Bruno e Vaninho

Encerrada a apuração dos votos depositados ontem (13) nas urnas pelos eleitores de Itatiaia, uma certeza abateu-se sobre velhos conhecidos da política local: acabou o controle que exerciam sobre esse município do Sul do estado do Rio de Janeiro.

Os “donos” do poder que se sentiam tão fortes ao ponto de pretender levar o Tribunal Regional Eleitoral a adiar o pleito para estender mais uma interinidade exercida por um dos seus, foram apeados com a derrota dos vereadores Bruno Guimarães Diniz (Solidariedade) e Silvano Rodrigues da Silva, o Vaninho (PSC), que eram aparentemente adversários, mas vistos como meros braços do ex-prefeito Eduardo Guedes, atual líder do grupo.

Eleito com 47,95% dos votos nominais, o candidato vencedor não deverá contar com boa vontade na Câmara de Vereadores, onde a maioria é ligada ao grupo derrotado, e vinha sustentando as gestões interinas. Porém, o empresário Irineu Nogueira (PTB) – que promete passar a administração municipal a limpo, governando com transparência e diálogo franco -, ao que tudo indica, vai poder contar com o apoio popular, força suficiente para derrubar ou levantar qualquer um.

Só derrotas – Desde novembro de 2020 que os “donos” de Itatiaia vinham acumulando derrotas. O líder do grupo sabia que estava com o registro de candidatura impugnado duas vezes, mas insistiu em continuar na disputa. Montado na máquina administrativa teve a maioria dos votos. Sabia que não tomaria posse, mas era mais ou menos assim: “nem eu nem o adversário”. Deu ruim para ele, pois o adversário agora ganhou nas urnas.

Com as duas impugnações de Dudu confirmadas em última instância o grupo mudou de tática. Passou a empurrar as gestões interinas para frente, manobra para ganhar mais tempo no poder, e vinha conseguindo. A eleição suplementar foi marcada inicialmente para o dia 13 de abril do ano passado. Com a pandemia, a Justiça adiou o processo de escolha, remarcado para 12 de setembro. Foi aí que o grupo jogou mais pesado, quando um recurso de Dudu resultou em liminar que suspendeu pleito mais uma vez.

Reexaminado o recurso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entendeu que a cassação era mesmo fato consumado e autorizou o TRE-RJ marcar nova data. Ontem foi o dia escolhido, e a vaca do grupo foi para o brejo com bezerro e tudo, mas há um mês disso acontecer surgiu mais uma manobra. O vereador Thiago Rodrigues Moreira, o Thiaguinho, que está governando a cidade, fez um requerimento  para cancelar a eleição, usando como alegação a nova variante da Covid-19, mas por unanimidade o colegiado decidiu manter a data, jogando por terra a pretensão de Thiaguinho, que sonhava em ficar no cargo até outubro, para quando, esperava ele, poderia ser transferido o pleito realizado domingo.

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