Em ambiente de CPI contra o prefeito, presidente da Câmara de Queimados articula permanência no cargo mesmo

● Elizeu Pires

Nilton já é alvo de investigação do Ministério Público

O Ministério Público do estado do Rio de Janeiro deverá receber ainda nesta terça-feira (4), mais uma representação contra o presidente da Câmara de Vereadores de Queimados, agora por conta de uma suposta manobra arquitetada para garantir a ele a permanência no cargo. A ideia seria alterar de dois para um ano o mandato dos componentes da mesa diretora, o que lhe possibilitaria retornar ao comando da Casa em janeiro de 2024, através de uma eleição que seria antecipada já para esta semana.

O mandato do vereador Nilton Moreira Cavalcante como presidente da Câmara terminará no dia 31 dezembro deste ano, e ele está legalmente impedido de ser reeleito para um período subsequente. Para permanecer no cargo ele estaria planejando mudar as regras do jogo, reduzindo o período e antecipando a votação interna.

Com a redução do período ele emplacaria um nome sobre o qual tenha controle, elegendo seu sucessor para uma gestão de apenas um ano, e já faria uma nova votação para se segurar como presidente a partir de janeiro de 2024, substituindo o candidato-fantoche que comandaria o Legislativo de janeiro a dezembro de 2023.

Glauco Kaizer entrou na mira de alguns vereadores

Comissão processante contra o governo – A suposta manobra do presidente da Câmara para eleger um sucessor que possa controlar e em um ano voltar ao “trono”, não é a única pauta bomba na Casa. Há ainda a possibilidade de, ainda hoje (5), ser colocada em votação uma denúncia contra o prefeito Glauco Kaizer, com pedido de afastamento por pelo menos 90 dias, tempo que deverá ser gasto no trâmite de uma Comissão de Inquérito contra o governante, que poderá, no fim do processo, ter o mandato cassado.

Considerada como péssima, a administração de Glauco, na visão de muitas lideranças locais, estaria “marcada por irregularidades”. O engraçado é que os vereadores da cidade só estão demonstrando preocupação com isto agora, depois que o Ministério Público e o Tribunal de Contas passaram a investigar a compra – sem licitação – de R$ 7,3 milhões em tablets, através de um processo administrativo nada transparente.

Fraude e improbidade administrativa – A situação de Nilton Moreira Cavalcante, mais conhecido na cidade como Professor Nilton, já está bastante complicada por conta de uma investigação do Ministério Público que lhe poderá perda do mandato de vereador, condenação por improbidade e uma ação penal. Conforme foi revelado ontem (4) na matéria Transação esquisita com imóvel alugado à Prefeitura pode derrubar presidente da Câmara de Queimados, o MP foi acionado para apurar uma transação apontada como fraudulenta, envolvendo um imóvel do vereador que até o ano passado esteve alugado à Secretaria Municipal de Educação para o funcionamento de uma escola.

Trata-se de um prédio localizado Avenida Dr. Pedro Jorge, no bairro Nossa Senhora de Fátima, que foi alugado pela Prefeitura em 2002, rendendo mensalmente R$ 7.235,59 de aluguel ao proprietário. Ocorre que no dia 16 de dezembro de 2004, dias antes de Nilton ser empossado como vereador, o imóvel foi vendido por apenas R$ 2 mil a Marco Antônio Barcelos de Amorim, o que foi interpretado como manobra para driblar a legislação, que impede os agentes políticos de contratarem como poder público.

Para reforçar ainda mais as suspeitas sobre a transação, uma nota de Nilton foi nomeada procuradora de Marco Antonio e passou receber direto da Prefeitura em sua conta bancária os pagamentos mensais referentes à locação do imóvel.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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