Escândalo do Ceperj: Valores empenhados cresceram mais de 2000% nos primeiros seis meses de 2022, aponta denúncia do Ministério Público

● Elizeu Pires

Usado descaradamente para turbinar a campanha do governador Claudio Castro e de alguns aliados, segundo foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Eleitoral, o Centro Estadual de Estatística, Pesquisa e Formação de Servidores Públicos do Rio (Ceperj) apresentou um crescimento no volume de despesas empenhadas completamente fora da realidade, segundo avaliação de gente que entende do assunto. O aumento foi de mais de 2000% em comparação com o exercício de 2020

Os números apurados pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e o Ministério Público Estadual (MPRJ) são elevadíssimos e foram usados pelo Ministério Público Eleitoral para embasar a ação na qual é pedida a cassação da chapa encabeçada por Castro, e dos deputados Rodrigo Bacellar, Max Lemos, Áureo Ribeiro e Leo Vieira.

Pelo que foi apurado, foi montado um esquema de contratação escondida de pessoal, que consumiu R$ 248 milhões, montante gasto com mais de 27 mil pessoas, sendo que muitas delas não frenquentavam os locais de trabalho nos quais foram lotados, mas ficavam à disposição de políticos para ações de campanha e para baterem palmas nos eventos de inauguração de obras, segundo relataram em depoimentos alguns contratados.

Despesas turbinadas – Pelo que consta na representação encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), este ano o Ceperj emitiu 91.788 ordens bancárias de pagamento em favor de 27.665 pessoas, uma despesa de R$ 248.490.061,91. Essa soma é 22 vezes maior que o total de gastos empenhados pelo órgão em 2020, quando as despesas pagas somaram R$ 19.747.783,22 de um total de empenhos que chegou a R$ 21.168.225,82 naquele ano.

A planilha apresentada à Justiça aponta que os valores empenhados pelo Ceperj cresceram 502% em 2021 numa comparação com os números de 2020. O total empenhado no ano passado foi de R$ 127.432.213,08, e as despesas pagas somaram R$ 123.992.267,29.

Já considerados como muito altos para um órgão cuja razão de existir é a “capacitação, recrutamento, cultura, produção de estatísticas e de estratégia de políticas públicas”, os valores empenhados dispararam nos seis primeiros meses que antecederam as eleições, chegando ao total de R$ 473,9 milhões, com as despesas pagas até então somando R$ 378,7 milhões até junho.

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