Omissa em relação ao governo, Câmara de Caxias não está nem aí para a central da fraude com certificados de vacinação instalada no município

● Elizeu Pires

Chamada para a briga por um ministro bolsonarista instalado no Tribunal de Contas da União que achava que criminosos tinham fraudado a carteira de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro para queimar o filme do líder negacionista, a Polícia Federal aceitou a missão e caiu dentro. O tal defensor de Bolsonaro no TCU só não imaginava que que as investigações caíssem nas mãos da ala não aparelhada da PF, que agiu rápido e conseguiu mostrar que tinha ato criminoso mesmo, mas que a coisa toda foi feita por gente muito próxima do então presidente, hoje presa e em maus lençóis.

Além de resultarem na prisão do coronel do Exército Mauro Cid – uma espécie de faz tudo do hoje ex-presidente -, e de mais cinco, as investigações descobriram que a origem da fraude estava na Prefeitura de Duque de Caxias, município controlado pelo secretário estadual de Transportes, Washington Reis (ex-prefeito da cidade) e seus irmãos, os deputados Gutemberg (federal) e Rosenverg (estadual), além do tio, o atual prefeito Wilson Miguel Reis. 

A PF descobriu que o responsável pela inserção dos dados falsos no sistema ConectSus sobre as doses de vacina contra a covid-19 “aplicadas” no ex-presidente e na filha mais dele, foi o secretário de Governo João Carlos Brecha, homem de confiança da família Reis. Também esclareceu-se que a funcionária encarregada de apagar os dados para evitar que se descobrisse a manobra criminosa, é uma pessoa de confiança do clã; mais ainda, que teria ocorrido coação de profissionais da área da Saúde no município, o que ainda está sendo investigado.

Porém, nada disso parece ser suficiente para tirar a considerada “cara e supérflua” Câmara Municipal, que sob o comando do vereador Celso Luiz Pereira do Nascimento, o Celso do Alba (MDB), passou a funcionar como uma espécie de puxadinho do Poder Executivo. Até agora os “nobres edis” (vereador adora ser chamado de edil, embora muitos deles não devam saber nem a origem da palavra), não deram um pio sequer sobre os fatos apurados pela PF, que sujam ainda mais a já borrada imagem do município.

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