Senadora pedirá quebra de sigilo telemático de citados por hacker

Relatora da CPMI avalia revelações de Delgatti como “bombásticas”

Depoimento do hacker Walter Delgatti na CPMI do golpe foi considerado “bombástico” – Foto Lula Marques/ Agência Brasil

A relatora da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), avalia que as revelações feitas nesta quinta-feira (17) pelo hacker Walter Delgatti Netto são “bombásticas” e “absolutamente sérias”. Ao terminar o interrogatório, a senadora opinou que as informações “estão em torno do ponto central desta CPMI, que é exatamente o questionamento do resultado eleitoral, a tentativa de emplacar uma vulnerabilidade [da segurança eleitoral]”.

Eliziane acrescentou que irá pedir a quebra dos sigilos telemáticos das pessoas que estiveram nas reuniões dos dias 9 e 10 de agosto de 2022, quando Walter Delgatti Netto teria se encontrado com o então presidente Jair Bolsonaro, com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o marqueteiro da campanha do ex-presidente, Duda Lima, entre outras pessoas.

“Até para a gente poder ter os elementos substanciais acerca das informações que nós recebemos do depoente Walter Delgatti”, explicou Eliziane. Em conversa com a imprensa, a senadora acrescentou que a história de Delgatti aponta para a tentativa de se construir “uma tentativa de fraude eleitoral e substanciar uma possível aplicação de um golpe no Brasil”.

Indiciamento de Bolsonaro –  A parlamentar defendeu ainda que o depoimento de Delgatti “nos dá fortes condições de, ao final, termos um indiciamento do ex-presidente do Bolsonaro”. Para Eliziane, contudo, é preciso ainda comparar as informações do hacker com os dados de quebras de sigilos telemáticos e novos depoimentos ou acareações que a relatora tem solicitado. 

“Todas essas pessoas citadas, nós devemos estar pedindo as quebras dos signos telemáticos e também os RIFs”, informou. Os RIFs são os relatórios de inteligência financeira produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) e que podem revelar uma movimentação atípica nas contas de pessoas suspeitas.

Eliziane ainda acrescentou a possibilidade de acareações com o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), entre outras pessoas citadas pelo Delgatti.

A aprovação de novas quebras de sigilos depende de votação pela maioria da comissão em sessão deliberativa, que ainda não foi marcada pelo presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA). 

Nas redes sociais, Maia comentou que está “perplexo” com o conteúdo do depoimento de Walter Delgatti. “A CPMI precisa se debruçar sobre esse depoimento e investigar se esses absurdos de fato aconteceram”, escreveu Maia.

No depoimento à CPMI, Delgatti afirmou que invadiu o sistema interno do Judiciário brasileiro para desmoralizar esse Poder da República, que orientou as Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas e que aceitou assumir a responsabilidade de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a pedido do então presidente Jair Bolsonaro.

(Com a Agência Brasil)

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