Morosidade no trâmite de recurso que mantém prefeito cassado no cargo gera desconfiança de “perda de interesse” em Búzios

● Elizeu Pires

Com o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro – em decisão tomada por unanimidade em 9 de setembro de 2022 –, o prefeito de Armação dos Búzios, Alexandre Martins (foto), está pendurado numa liminar, se mantendo no cargo de forma precária há mais de um ano. Sua queda depende do resultado de um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que não acontece de jeito algum, sabe-se lá por que, mas o que se comenta nos ambientes políticos locais é que o PDT, que seria o maior interessado, não estaria pressionando para a entrada do processo em pauta.

O PDT enfrentou Martins nas eleições de 2020 com o candidato Leandro Alex de Souza da Silva, mais conhecido na cidade como Leandro do Bope, que ficou um segundo lugar na votação. No calor das emoções políticas o PDT, com base em denúncia de suposta compra de votos, gerou a ação que resultou na decretação de perda do mandato de Alexandre e na inelegibilidade por oito anos, mas o aparente freio no andamento do recurso que tramita no TSE está causando a desconfiança sobre um possível acordo.

Compra de voto – No julgamento de 2022 os membros do TRE-RJ entenderam que o prefeito Alexandre Martins foi beneficiado por um esquema de votos e, além de cassarem a chapa vencedora do pleito, determinaram a realização de uma eleição suplementar, mas pouparam o vice-prefeito Miguel Pereira da pena de inelegibilidade.

O caso que resultou na ação contra o prefeito foi gerado a partir de uma denúncia anônima. Policiais Militares apreenderam R$ 6,2 mil em espécie e material de propaganda do então candidato Alexandre Martins. O dinheiro e o material de campanha foram encontrados no carro usado por Anderson Neves Machado, apontado como coordenador da campanha de Alexandre.

No veiculo foi e encontrada ainda uma anotação de gastos com pagamento de colaboradores e eventuais benefícios a eleitores, como cesta básica, limpeza de fossa, além de lista com descrição do que seria o destino do dinheiro, inclusive com a anotação “boca de urna”.

O documento apreendido indicava valores destinados à compra de votos no dia da eleição, com valor unitário de R$ 150 e gasto total de R$ 22,5 mil.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria

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