PT confirma a tradição de caminhar dividido em Nova Iguaçu

Escolha de político zero a esquerda é vista como um recado a Rogério Lisboa

● Elizeu Pires

“Chama para uma conversa que nós vamos”. É mais ou menos isso que está ecoando nos ambientes de poder em Nova Iguaçu – um recado para o prefeito Rogério Lisboa – desde que petistas de fora resolveram abanar a pré-candidatura do ex-vereador Antônio Araújo, o Tuninho da Padaria, um político sem história e sem voto, que também não tem nenhuma identidade com o Partido dos Trabalhadores, que está sendo empurrado goela a baixo, como se tivesse algo a oferecer.

O anúncio oficial foi feito neste domingo (3), com a presença do hoje deputado, o ex-prefeito Lindberg Farias, que saiu da Prefeitura no dia 31 de março de 2010, deixando um rastro de destruição: dívidas de cerca de R$ 1 bilhão, dezenas de obras paradas e um rombo de mais R$ 400 milhões na previdência dos servidores.

O que se viu hoje foi um atropelo, pois Lindbergh Farias é, atualmente para alguns membros do PT iguaçuano, a “fera” que o partido adotou na sua chegada e hoje quer devorar aqueles que um dia alimentaram a sua passagem pela cidade, município cujo único interesse, parece, é ter o poder e o controle sobre o partido e o seu futuro, garantindo o seu palanque e capital político. Ainda que para isso o PT local pague um preço.

Lindberg e o seus poucos saíram vencedores hoje, mas com uma vitória que será questionada pelos que se viram “tratorados” em um processo desrespeitoso, segundo cita uma nota que passou a circular em grupos petistas no WhatsApp: “O Diretório Municipal do PT Nova Iguaçu foi arbitrário em retirar uma candidatura de uma pré-candidata a Prefeita, sem abrir edital de inscrição das candidaturas, em uma postura monocrática sem apoio no regulamento de Encontros e Prévia e sem o apoio do Estatuto do PT”.

A nota tem a autoria atribuída a um membro do diretório local, que cita, por exemplo, o descontentamento com uma colega de partido que pretendia concorrer a prefeita: “A Companheira Adriana pode recorrer a estadual que dará a possibilidade de ela tentar estabelecer sua pré-candidatura. Para ter este tipo de verificação deve ter um edital de inscrição com prazos pré-estabelecidos e amplamente divulgados”.

Pois bem, é o PT iguaçuano sendo ele mesmo, seguindo a tradição das tramas que marcam as escolhas dos seus candidatos nas disputas eleitorais iguaçuanas. O que aconteceu hoje vai ser questionado: o circo armado por Lindberg e o da Padaria mostrou que uma mulher com história dentro do partido, pré-candidata a prefeita e às vésperas do Dia Internacional da Mulher, sentiu na pele o que é o jogo petista iguaçuano que a cada eleição revela mais divergência do que unidade.

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