Argumento do prefeito de Paulo de Frontin sugere que só parentes de vereador estão qualificados para os cargos comissionados

● Elizeu Pires

Maneco já esteve afastado do cargo: em 2023 foi denunciado pelo MP por supostas fraudes em licitação – Reprodução

Investigado pelo Ministério Público por distribuir cargos em troca de sustentação na Câmara Municipal, o prefeito do pequenino município de Paulo de Frontin, no Centro-Sul do estado do Rio de Janeiro, Maneco Artemenko (União Brasil), tentou justificar o que está sendo chamado de “farra das nomeações”, alegando à Promotoria de Justiça dificuldade em preencher as vagas e exaltando a capacidade técnica dos nomeados.

O argumento está causando polêmica na cidade que não tem receita própria e vive das transferências dos governos federal e estadual, porque sugere que apenas os parentes dos seus aliados na Câmara são os únicos preparados para as funções, isso em um universo populacional de cerca de 13 mil habitantes.

Maneco foi denunciado pelo procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, , por crime de responsabilidade, por ter descumprido uma lei municipal de 2009 e nomeados parentes de seis vereadores durante seu primeiro mandato.  

“O denunciado foi responsável, durante o exercício do primeiro mandato eletivo à frente do município de Engenheiro Paulo de Frontin, por lotear os cargos públicos entre os apadrinhados políticos, com o nítido propósito de acomodar os interesses políticos em troca do irrestrito apoio do parlamento. Os crimes imputados foram praticados durante longos meses em que o prefeito denunciado esteve à frente da Prefeitura sendo certo que, ao ser notificado para prestar esclarecimentos, José Emmanoel não negou a realização das nomeações, tentando justificá-las, de maneira vaga e genérica, em suposta dificuldade de preenchimento dos cargos e capacidade técnica dos nomeados””, diz um trecho da denúncia.

Irmãos, nora, genro e sogro – De acordo com a denúncia, foram nomeados parentes de seis vereadores, entre eles do então presidente da Câmara, Júlio Cesar da SilvaSereno, que não disputou as eleições em 2024. Ele conseguiu empregar na Prefeitura o irmão Anderson da Silva Sereno; a sobrinha, Leonir Nascibem de Almeida, e dois primos. Já o vereador Sandro Ferreira Pinto, o Deca, que está no quinto mandato teve nomeados na Prefeitura um casal de irmãos e uma nora, enquanto Moises dos Santos Rocha, reeleito no ano passado para o terceiro mandato, emplacou filho, irmão e sobrinha.

Exercendo o quarto mandato, o vereador Jorge Silvano Vilela conseguiu um filho e dois (PSC). O filho Yan Patrick era subsecretário de cultura. E os sobrinhos Matheus Xavier e Laissa da Costa também ganharam cargos, mas quem deve ter conseguido mesmo paz em casa é  Jeferson Adriano Gomes Moreira, o Budinha, que empregou a companheira e o sogro.

Pelo que está na relação de nomeados, Sandra Regina Gil, vereadora no terceiro mandato, foi a menos espaço teve no governo, tendo empregado apenas uma filha.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria

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