Rio das Ostras, uma pobre cidade rica

A coisa está feia em Rio das Ostras. Inclusive na sede do governo

O município está completamente abandonado, mas os três primeiros anos da atual de gestão foi de caixa cheio

“Quando tem café não tem açúcar e de vez em quando somos obrigados a levar papel higiênico de casa”. A afirmação é de uma funcionária lotada na sede da administração municipal de Rio das Ostras e retrata bem a realidade de uma cidade em crise financeira e de gestão. Financeira por causa da queda nos repasses dos royalties do petróleo e de gestão pelo fato de o prefeito Alcebíades Sabino dos Santos – que se apresenta aos eleitores como grande administrador – não ter realizado as obras prometidas durante a campanha eleitoral, não ter concedido reajuste salarial aos servidores e ter mergulhado a cidade no abandono, embora tivesse contado com recursos na ordem de mais de R$ 2,2 bilhões entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de dezembro do ano passado para administrar o município.

Para se constatar o quadro de abandono, apontam funcionários lotados na sede do governo, nem é preciso ir muito longe. “A falta de manutenção é geral. Quando chove temos goteiras enormes, por que o teto está danificado”. Nas escolas a precariedade é apontada por professores e pais de alunos, enquanto na rede municipal de saúde sofrem todos, funcionários e os que buscam socorro. Esta realidade sugere que o prefeito que no passado gastou royalties do petróleo para emoldurar a orla da Costazul com porcelanato e esculpir em bronze uma baleia jubarte em tamanho natural, se realmente sabia administrar, perdeu o jeito ou se perdeu como gestor público.

A Rio das Ostras de hoje é bem diferente da cidade entregue nas mãos de Sabino no dia 1º de janeiro de 2013, quando ele iniciou sua terceira gestão. “Está completamente largada”, dizem comerciantes e lideranças comunitárias. Até membros do governo criticam o chefe e dizem não imaginar o que possa estar se passando na cabeça do prefeito que nos últimos três anos não conseguiu acertar uma iniciativa se quer. Ninguém discorda que a crise financeira atingiu em cheio o município, assim como afeta cidades no país inteiro. O problema que a falta de recursos é recente e os problemas vêm se acumulando desde a posse de Sabino, quando não existia crise e os cofres estavam cheios.

Se hoje falta dinheiro Sabino teve pelo menos dois anos e meio de fartura e nem por isso acertou a mão. Segundo dados oficiais, quando ele assumiu o governo encontrou um saldo de R$ 178.053.700,00 e naquele ano o município arrecadou R$ 692.450.900,00, valor que somado aos recursos deixados pela gestão anterior passa de R$ 870 milhões. No ano seguinte a receita foi de R$ 757.230.600,00 e em 2015 entraram cerca de R$ 600 milhões para a Prefeitura. Agora, o que a população quer saber é onde foi parar todo esse dinheiro.

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