
Cada ônibus incendiado leva seis meses para ser substituído
Os traficantes que trocam tiros com policiais em confrontos que quase sempre ceifam a vida de inocentes como o menino Matheus Santos de Moraes, de cinco anos, morto no bairro Lagoa, na noite do último sábado, em Magé, de acordo com os órgãos estaduais de segurança pública, são os mesmos que obrigam os moradores das comunidades as quais mantém sob o domínio do medo a saírem pelas ruas em manifestações violentas, que nos últimos 12 meses, segundo dados da Fetranspor, destruíram 50 ônibus. As balas perdidas, além de matarem quem nada tem a ver com essa guerrilha urbana, são motivação para protestos que quase sempre servem aos interesses da bandidagem: o chefe do crime manda e quem não obedecer pode ser executado e é exatamente isso que as autoridades identificaram nas ações de destruição que abalaram Magé no fim de semana. Prova disso é que na manhã de domingo uma mulher foi presa no centro de Magé transportando em uma mochila vários coquetéis molotovs. Essa pessoa, com certeza, não estava protestando contra a morte de Matheus, mas se deixando usar pela bandidagem do bairro Lagoa.
Dos ônibus destruídos quem vai sentir falta são os trabalhadores, donas de casa e estudantes, pessoas normais que vivem honradamente. Os bandidos não precisam de transporte coletivo e quando determinam que ônibus sejam incendiados estão prejudicando milhares de pessoas. No caso de Magé, por exemplo, serão 14 veículos (número corrigido ontem pelas autoridades) a menos nas linhas municipais e intermunicipais, por que, segundo a Fetranspor informou em nota, cada veículo destruído leva no mínimo seis meses para ser substituído.
“O prazo de reposição de um veículo depredado é de seis meses, considerando as fases de encomenda, entrega e licenciamento. Essa reposição pode ser dificultada num cenário de crise no setor, como o atual. Cinco empresas paralisaram suas atividades no último ano na capital por causa das dificuldades financeiras e das condições de financiamento mais rígidas na linha de crédito do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para compra de ônibus”, ressalta a entidade, que solicitou à Polícia Militar reforço no patrulhamento para garantir a normalidade da operação de transporte público durante os dias de ontem e hoje em Magé.
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