Com porta aberta no município por Mario Peixoto, cooperativas receberam cerca de R$ 400 milhões em Mesquita até 2016

Na gestão de Gelsinho as cooperativas faturaram altos, mas tem trabalhador que até hoje não recebeu os direitos trabalhistas

Os meses de novembro e dezembro de 2016 foram marcados por protestos e revolta em Mesquita por conta de calote aplicado a trabalhadores contratados através de cooperativas para prestarem serviços à Prefeitura, o que não deveria acontecer, pois instituições como Multiprof, Captar Cooper, Coopsege e Renacoop receberam cerca de R$ 300 milhões durante a gestão do prefeito Rogelson Sanches Fontoura, o Gelsinho Guerreiro.

Três das quatro instituições foram citadas no inquérito que resultou na prisão do empresário Mario Peixoto, na Operação Favorito realizada pela Polícia Federal na última quinta-feira (14). A Multiprof e Captar por serem dirigidas por homens de confiança dele e a Renacoop, citada por emitir nota fiscal para uma firma do esquema de Peixoto e aparecer como mutuaria da Atrio-Rio, empresa apontada como braço forte do que a Polícia Federal classificou de “organização criminosa”.

As cooperativas começaram a operar no município durante o governo Artur Messias, que em fevereiro de 2014 foi multado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, devido a contratação direta de pessoal através da Multiprof, por meio de um contrato de R$ 21 milhões, firmado em 2009, ano em que a instituição era representada pelo próprio Mario. A estimativa é de que a Multiprof tenha recebido cerca de R$ 100 milhões nas duas gestões de Messias. Mesmo com a saída de Artur a Multiprof continuou operando em Mesquita até ser sucedida pela Captar Cooper.

Números elevados – Os contratos firmados pela Prefeitura de Mesquita para terceirização de mão de obra chamam a atenção pelos números assustadores. Em 2013, de um empenho total de R$ 68.329.254,32 em favor de quatro cooperativas, R$ 50.122.122,10 foram efetivamente pagos. A Captar Cooper recebeu no período R$ 7.186.965,91 e a Coopsege R$ 20.165.712,34. A  Multiprof faturou R$ 14.115.306,88 e a Renacoop o total de R$ 8.654.136,97.

No ano seguinte, embora o município passasse a contratar pessoal só de duas cooperativas, os gastos subiram de R$ 50.122.122,10 para R$ 88.399.065,51. Em 2014 a Coopsege teve a seu favor um empenho de R$ 73.950.465,50 e recebeu R$ 66.871.930,06 do total empenhado, enquanto a Renacoop faturou R$ 21.527.135,45 de um empenho global de R$ 26.250.946,32. Em 2015 os gastos com as cooperativas de mão de obra caíram bastante. Para todo o exercício de 2015 foi empenhada a soma de R$ 57.375.661,18 em favor da Coopsege e da Renacoop.

De acordo com os números, a instituição que mais dinheiro recebeu dos cofres públicos de Mesquita foi Coopsege, que faturou mais de R$ 190 milhões no período, sendo R$ 23 milhões nos últimos três meses de 2016, mas saiu sem pagar os vencimentos de outubro, novembro e dezembro, deixando revoltados os que realmente trabalharam.

Fantasmas” – Que os gastos da Prefeitura de Mesquita com cooperativas sempre foram altos não é novidade para ninguém. Difícil é saber quantos funcionários terceirizados foram contratados desde a chegada destas instituições ao município, pois a relação nunca foi disponibilizada no site oficial do governo, o que acontece ainda hoje com as atuais organizações que estão à serviço da municipalidade.

Em maio de 2016 a Justiça determinou a suspensão do contrato firmado com a Coopesege, devido a suspeita da existência de “fantasmas” entre as 3.253 pessoas listadas na folha de pagamento. As suspeitas aumentaram depois que foi pedida uma lista com todos os nomes e CPFs dos contratados e recebeu um documento com 85 CPFs duplicados e 535 nomes sem o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas da Receita Federal. Apesar disto a instituição conseguiu uma decisão favorável em instância superior continuou faturando.

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