Covid não deverá mais ser obstáculo para Itatiaia ter um prefeito eleito pelo povo: Doença foi usada pelo governo interino para pedir a suspensão do pleito

● Elizeu Pires

As tendas instaladas para triagem dos casos de Covid-19 – doença alegada pela gestão interina para adiar ao máximo a eleição suplementar – começaram a ser desinstaladas horas antes de o TRE-RJ anunciar a nova data do pleito

Considerado um dos idealizadores do adiamento da eleição suplementar de Itatiaia, que deveria ter acontecido no último dia 11 de abril, o médico concursado da Prefeitura Márcio Braga, ao que tudo indica, prestou um desserviço à cidade do Sul Fluminense. Na prática, Braga ajudou a dar sustentação para seu aliado político, o ex-prefeito interino Imberê Moreira, tentar se manter no poder, sem voto e em nome da Covid-19.

Agora pré-candidato a prefeito, Braga é coautor de um relatório de 12 páginas anexado a um ofício de Imberê ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) solicitando à presidência da corte, com argumento de agravamento da pandemia no município, o adiamento da eleição suplementar, decisão que acabou acontecendo dias antes do pleito, mas, felizmente, o quadro desenhado no documento não se tornou realidade, tanto que já começou o desmonte da estrutura extra montada pela Prefeitura para enfrentar a doença causada pelo novo coronavírus.

Em sessão realizada na tarde de ontem (1º), o TRE-RJ acatou uma representação encaminhada à corte em nome do diretório do PTB de Itatiaia para que fosse marcada logo a nova data da eleição suplementar, definida para o próximo dia 12 de setembro. No documento, os advogados Damian Duarte e Marcio Alvim citam que “sem dúvida alguma, o olhar pragmático e político da gestão interina visa adiar o pleito para manutenção do status quo, de perpetuação no poder sem a legitimação das urnas, causando grave e irreparável prejuízo à sociedade de Itatiaia, em especial por conta das graves e tristes denúncias que levaram à prisão secretários municipais e diversas diligências de busca e apreensão, baseadas em acusações do Ministério Público de desvios de recursos públicos na Saúde”, e foi o que aconteceu.

Desmonte – Ironicamente, um possível indício de que a Covid 19, alardeada no relatório de Márcio Braga, serviu de pretexto para Imberê tentar se perpetuar no poder, também pôde ser vista horas antes da decisão do TRE, por meio do desmonte de tendas instaladas no centro de Itatiaia, alugadas a peso de ouro pelo ex-interino, também em nome da Covid 19.

O desmonte parecia prever o fim fatídico a da suposta manobra antidemocrática de Imberê,  afastado desde o último dia 8 de junho por determinação da Justiça, que acolheu um pedido do Ministério Público relacionado a um suposto “arrendamento” da Prefeitura para o que a Promotoria classificou como “organização criminosa”.

Imberê está tentando reverter a decisão do juízo local junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que ainda não tomou nenhum decisão sobre o recurso.

“Gordurinha”  – Embora tenha usado as redes sociais para dizer que já havia procurado o Ministério Público para se explicar, Márcio Braga ainda não se pronunciou sobre o fato de seu nome ter sido ligado a um dos diálogos do relatório do MP referente a quebra de sigilo telefônico no âmbito das investigações das denúncias de fraude na Prefeitura.

Em conversa com o ex-secretário de Saúde  Marcus Vinícius Rebello Gomes – preso no final de abril junto com outros membros do governo de Imberê, aparece um fala na qual efeito um pedido de “gordurinha”, que seria a elevação no valor mensal cobrado pela gasometria do hospital municipal. O relatório da conversa monitorada com autorização da Justiça, Marcus respondeu ao interlocutor que seria Márcio Braga, que passaria de R$ 1.200 para R$ 1.500 por mês.

Em janeiro deste ano, Braga embarcou na primeira classe da aeronave de Imberê ao assumir a presidência do Comitê Municipal contra o Covid 19. Um voo cujas turbulências começaram nos primeiros meses com denúncias ao Ministério Público, relacionadas a supostos esquemas de corrupção na secretaria de Saúde. Após as prisões, e o suposto pedido de “gordurinha”, Braga desembarcou do governo de Imberê, no começo de maio.

*O espaço está aberto para manifestação dos citados na matéria.

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