Exploração política da pobreza está com dias contados

Pesquisa mostra que um terço da população da Baixada sobrevive com meio salário mínimo

Fraude em programa social em Campos para compra de votos e distribuição de cesta básica na Baixada Fluminense são alvos da Justiça

No município de Campos, no Norte Fluminense, o programa social Cheque Cidadão foi ampliado, segundo denúncia do Ministério Público, de forma fraudulenta, em esquema de compra de votos que teria sido montado com aval da prefeita Rosinha Garotinho. Nos municípios de Magé e Belford Roxo as atenções estão voltadas para a distribuição de cestas básicas nos bairros periféricos, uma prática antiga de exploração da pobreza. No caso de Magé a troca de votos por alimentos chegou a fazer parte de uma pesquisa de intenção de votos realizada em junho, na qual 4,6% dos eleitores consultados responderam que votariam em determinado candidato porque ligaram o nome dele à distribuição de “bolsas com legumes”. O resultado da consulta – embora ela tivesse sido registrada junto à Justiça Eleitoral – não foi divulgado porque o mesmo nome apareceu com elevado índice de rejeição e foi citado por 24,2% dos entrevistados em resposta a seguinte pergunta: “Qual destes candidatos é mais ligado à corrupção?”

Na semana passada o MP ingressou com uma ação para apurar possível compra de votos através do Cheque Cidadão e denunciou “um grande esquema organizado pelos atuais gestores públicos de Campos, incluindo a prefeita Rosinha Garotinho, para a obtenção de votos em favor de candidatos por eles apoiados”. Segundo o MP, “em troca, por meio de cabos/apoiadores eleitorais a eles ligados, são oferecidas inscrições fraudulentas no programa social Cheque Cidadão, cujo crédito mensal é de R$ 200 por beneficiário”. O MP também distribuiu ações contra 34 candidatos a vereador, todos ligados à coligação formada em torno do candidato a prefeito lançado pela pré-feita e o ex-governador Anthony Garotinho, Francisco Arthur de Souza, conhecido na cidade como Dr. Chicão (PR).

As autoridades sempre viram o programa social de Campos com reservas e a prefeita da cidade chegou até ser condenada por uso político do Cheque Cidadão, mas nunca recebeu uma punição é efetiva. De acordo com o que foi apurado pelo MP, as irregularidades teriam começado com uma paralisação do programa no ano passado para um suposto recadastramento, mas em vez de ser enxugado o programa foi ampliado a partir da inclusão irregular de beneficiários que não preenchem os requisitos mínimos exigidos pela lei que criou o Cheque Cidadão, pessoas sem o perfil de vulnerabilidade social devidamente constatado. De acordo com a promotoria, foram encontrados registros do esquema fraudulento na maioria dos bairros da cidade, “convertidos”, segundo o MP, “em redutos eleitorais de determinados candidatos a vereador”.

Em relação aos municípios de Magé e Belford Roxo os alvos são a exploração da pobreza em bairros das localidades de Piabetá, Mauá, Surui, Lote Quinze, Roseiral, São Vicente e Vila Pauline.

 

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