Deputado preso na ‘Furna da Onça’ foi acusado de encomendar morte de parlamentar para ficar com o mandato na Alerj

No dia 24 de janeiro de 2003 o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, presidente regional do PSL e deputado federal Valdeci Paiva de Jesus foi assassinado. Ele havia sido eleito deputado estadual três meses antes e tinha como suplente o então vereador de Rio Bonito Marcos Abrahão (foto), que acabou assumindo a vaga na Assembleia Legislativa e foi apontado como mandante da morte do parlamentar. A Promotoria denunciou Abrahão e ele até que chegou a ser pronunciado para responder no 4º Tribunal do Júri, mas recorreu e seu deu bem. Hoje Marcos está preso, mas por corrupção. É acusado pelo Ministério Público Federal de receber R$ 1,5 milhão em propina para defender interesses na Assembleia Legislativa…

Naquela manhã de sexta-feira Valdeci seguia para Benfica, na Zona Norte da capital fluminense. Ele iria participar de uma reunião com a cúpula do PL no estado, legenda que funcionou como extensão política da Igreja Universal o Reino de Deus até a fundação do PRB. O crime foi praticado por ocupantes de um Gol, que conseguiram fugir sem problemas depois de disparem 19 tiros de pistola contra o parlamentar, que chegou a ser socorrido com vida, mas morreu no Hospital do Exército.

Na época deputado federal pelo PL, o bispo Carlos Rodrigues afirmou que Valdeci vinha recebendo ameaças. “Ele me disse que ligavam para ele, dizendo que iam acertá-lo, matá-lo. Mas ele não levou fé porque não tinha inimigos políticos. Já tinha aconselhado ele a andar com seguranças e carro blindado e avisar à Polícia Federal que estava sendo ameaçado”, contou Rodrigues.

O mandato que era de Valdeci foi o primeiro do policial militar aposentado Marcos Abrahão, que vem sendo reeleito desde então.  Antes ele foi eleito vereador em Rio Bonito pelo PTB e trocou a legenda pelo PSL, para então concorrer a deputado estadual. O fato curioso é que logo após assumir a cadeira de Valdeci ele teve o mandato cassado, mas reverteu a situação no Superior Tribunal de Justiça, porque a votação fora aberta e o STJ entendeu como inconstitucional a existência de votações abertas para a cassação de mandato parlamentar.

Na última quinta-feira (8), durante a Operação Furna da Onça – realizada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal – um colaborar de Marcos que estava na casa dele, em Rio Bonito, tentou evitar que dois malotes com dinheiro fossem encontrados na residência pelos agentes que cercavam o imóvel. O dinheiro foi lançado pela janela, mas acabou recuperado pelos policiais.

De acordo as investigações, Abraão recebeu R$ 1,5 milhão em propinas mensais de R$ 80 mil, tinha vários cargos no organismo do estado e nomeou uma amante como coordenadora de uma unidade da Faetec. Ele controlava, por exemplo, os postos Detran em Itaboraí, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu, Tanguá, Silva Jardim e Casimiro de Abreu.

 

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