Operação Uniforme Fantasma: 16 anos depois de ação cinematográfica em Magé denunciados são beneficiados com a prescrição do processo

● Elizeu Pires

No dia 24 de janeiro de 2008 uma multidão ocupou a praça principal de Magé para acompanhar a operação – Foto: Banco de Dados

No dia 24 de janeiro de 2008, uma quinta-feira, a cidade de Magé e outros seis municípios foram sacudidos por uma grande operação do Ministério Público, com apoio de agentes da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado (Draco) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), que apreenderam documentos, computadores e prenderam empresários e membros do governo.

Batizada de Uniforme Fantasma, a operação acabou não tendo nenhum efeito prático, pois o processo terminou prescrevendo pela demora da Justiça em julgá-lo, e os 33 denunciados – entre eles os irmãos Núbia, Núcia e Charles Cozzolino – tiveram a punibilidade extinta por decreto judicial datado de 12 de julho de 2024. Dessa forma nenhum dos acusados pode dizer que foi inocentado pela Justiça, mas também ninguém pode responsabilizá-los pelo supostos crimes a eles imputados através do inquérito que resultou na Operação Uniforme fantasma.

Na época a Promotoria falou em fraudes que teriam causado prejuízo de R$ 100 milhões aos cofres públicos. A pedido do Ministério Público foram expedidos 28 mandados de prisão temporária e 60 de busca e apreensão contra suspeitos de integrarem um grupo que supostamente fraudava licitações e superfaturava serviços em prefeituras da região metropolitana e interior do estado.

Além de Magé a operação aconteceu também em Rio Bonito, Angra dos Reis, Japeri, Paraíba do Sul, Aperibé e Santo Antônio de Pádua.

Punição política – Dos 33 denunciados quem mais pressão sofreu foi a ex-prefeita Nubia Cozzolino. Ela foi acusada de comandar um suposto esquema de fraude e sofreu as consequências por isso. Teve perdas políticas, e, em 2014, sete anos após a operação, ela foi multada em R$ 7 mil pelo Tribunal de Contas, penalidade relacionada ao contrato firmado com a Associação Comunitária Vida Plena, que gerou todo aquele rebuliço de 28 de janeiro de 2008.

Incomadada com a demora da Justiça em julgar o processo, ela mesma chegou a pedir para ser julgada logo, o que não aconteceu a até a extinção do processo.

Livres da ação penal – A decisão tomada agora pela Justiça, que acompanhou parecer da Procuradoria da República, livra todos os 33 denunciados de ação penal.

Além dos irmãos Cozzolino, foram beneficiados com a extinção do processo os médicos, os médicos André Wertonge Teixeira, Bruno Marzano, Grace Marzano, Carla de Souza Neves, e os advogados Paulo Fernando Martins da Silva, Enilda de Oliveira da Fonseca Uchoa de Alcântara e Tarcísio Padilha Aquino e Antônio Roberto Daher Nascimento Filho.

Comentários:

  1. O ditado que diz que o crime não compensa, está fora da regra nesse país, aqui o crime compensa e muito.
    Se foram roubados os 100 milhões que a promotoria levantou, valeu muito a pena para os envolvidos.
    E todos irão continuar com suas ganâncias aos cofres públicos!

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.