Apesar de renúncia governo continua sendo dos Reis em Caxias

Washington saiu sob alegação de que pretende se candidatar este ano a alguma coisa, mas tem como pedra em seu caminho uma condenação há sete anos e dois meses

● Elizeu Pires

No papel Washington deixa o governo sob o comando do tio Wilson, mas na prática…

A posse do vice Wilson Miguel (foto) como prefeito de Duque de Caxias não deverá causar nenhuma mudança na gestão do município mais rico da Baixada Fluminense. A aposta nos ambientes políticos da cidade é de que ele vai jogar com as mesmas cartas do sobrinho, Washington Reis, que renunciou ao cargo ontem (1), alegando que pretende concorrer nas eleições de outubro, disputando como vice-governador na chapa de Claudio Castro ou tentando a única vaga no Senado oferecida no pleito deste ano. Só que há um problemão. WR tem uma conta alta com a Justiça, uma condenação a sete anos e dois meses de prisão em regime semiaberto, cujo início de cumprimento vem sendo postergado desde o ano passado por uma série de recursos.

O recurso dos recursos, o embargo dos embargos impetrado pelo prefeito de Duque de Caxias contra sentença confirmada em março de 2021 era para ter sido julgado em maio do mesmo ano pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, mas o ministro Kassio Nunes pediu vistas, dando mais tempo a Reis na cadeira. O que se comentava nos meios jurídicos é que nenhuma decisão iria derrubar a situação de condenado de Reis, e que o excesso de recursos seria apenas uma forma de ele ganhar tempo.

O processo continua parado no gabinete de Kassio Nunes e não será surpresa se for desengavetado nos próximos dias. É que agora ninguém mais poderá dizer que o prefeito fora apeado do poder por conta da condenação, mas sim por pretender uma nova disputa eleitoral. O corre que devido à lei da ficha limpa, Washington Reis está tecnicamente inelegível.

“O prefeito está condenado. A decisão foi confirmada pela rejeição de vários recursos. Ele ainda impetrou mais um, o que, ao meu ver, é mera procrastinação. Uma vez condenado ele só estará elegível novamente depois de vencida a pena. Por essa ótica ele não tem como concorrer no pleito deste ano, o que torna uma renúncia com essa finalidade sem sentido”, disse uma fonte do meio jurídico ao elizeupires.com em fevereiro deste ano.

Conforme já foi revelado, em dezembro de 2016, logo após ter sido diplomado como vencedor da eleição daquele ano, Reis foi condenado a sete anos e dois meses de reclusão em regime semiaberto. Impetrou vários recursos e foi se mantendo no cargo. Em 2020 ele concorreu com o registro cassado por causa dessa condenação, mas uma liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes suspendeu os efeitos da sentença e ele pode ser empossado para o atual mandato.

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