Enquanto o Poder Executivo anuncia ações efetivas em vários bairros Legislativo promete CPI para investigar denúncias de grupo com projeto de 18 anos de poder
● Elizeu Pires
Em decisões recentes o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), por falta de provas, rejeitou denúncias apontando supostas irregularidades em contratações de prestação de serviços e fornecimentos feitas pela Prefeitura de Japeri, na Baixada Fluminense, representações protocoladas pelo vereador Thiago da Silva Souza, o Thiago Careca (PSC). Porém, alguns membros da Câmara Municipal estão anunciando para os próximos dias a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito e já cantando vitória, dando como certo o afastamento da prefeita Fernanda Ontiveros, confirmando o que vinha sendo divulgado desde o início do ano: um esforço para entregar o poder ao vice-prefeito Carlos Januário, do qual o autor das denúncias tem se colocado como homem forte, como revelam algumas conversas gravadas entre os próprios vereadores.
A promessa de CPI surge no momento em que um volumoso pacote de obras está saindo do papel, investimentos que, de acordo com a Prefeitura, podem chegar a R$200 milhões até dezembro de 2024. Para algumas lideranças locais, o que está se desenhando no município é uma tentativa de tomada do poder para evitar que a prefeita concorra à reeleição e o grupo representado por Careca tenha mais chances de concretizar o sonho de mandar na cidade por pelo menos 18 anos, conforme ele mesmo deixou claro em reuniões do grupo, o que é atestado por uma gravação divulgada em abril.
Além dos argumentos já conhecidos através dos pronunciamentos do vereador, consta da proposta de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito denúncia de supostas irregularidades levadas ao conhecimento da Polícia Civil, que chegou a abrir um inquérito, mas o procedimento que está arquivado por determinação judicial.
A promessa de CPI surge três meses depois do vazamento diálogo entre Thiago e outros membros da Câmara Municipal, conversas que estão em um pen drive enviado anonimamente para a casa da prefeita da cidade, que registrou queixa contra o líder do grupo na 65ª Delegacia Policial e fez uma representação no Poder Legislativo.
“Nós sabemos o que fazer. Se a gente não alinhar, a gente vai perder essa porra. Vai ficar… (inaudível). Pô, ouve o que eu tô te falando. A gente só tem álibi aqui. Se a gente fizer direitinho, dá para ficar de 15 a 16 anos. Foco, campo também para dar tudo certo e …(inaudível). Então a gente fica aí uns 16 a 18 anos no poder”, revela um trecho da conversa.
No mesmo dispositivo está o complemento do diálogo: “… e o negócio do governo vai ser comigo… Se você tratar vai ser comigo … Até Porque … meu padrinho ajuda ele … Não tem como ele fugir disso ai”. Para alguns observadores esse “ele” seria o vice-prefeito Carlos Januário, e tal padrinho, possivelmente, um empresário com interesse no município.
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