Compra de votos pode gerar perda de mandato em Aperibé

Dezoito era presidente da Câmara e assumiu a Prefeitura em 2015, foi eleito em 2016 e está “pendurado”

Prefeito foi cassado em primeira instância, mas o pior pode estar por vir…

Quase dois anos após a renuncia do prefeito Flávio Gomes de Souza (PSB), que se antecipou a uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral no processo em que fora acusado de trocar cestas básicas e eletrodomésticos por votos em 2012, Aperibé, uma pequena cidade do Noroeste Fluminense, vive agora um escândalo ainda maior: um esquema de captação ilícita de sufrágios, que pode ter custado cerca de R$ 500 mil aos combalidos cofres da municipalidade. De acordo com o que foi apurado pelo Ministério Público, outro Flávio, o de sobrenome Diniz Berriel, mais conhecido como Dezoito, que teria usado dinheiro da Prefeitura para comprar materiais de construção e doar a moradores de um bairro da periferia da cidade, nas vésperas das eleições do ano passado. Se uma decisão proferida esta semana em primeira instância for confirmada, o município poderá ter uma eleição suplementar.

Dezoito – que era presidente da Câmara de Vereadores, assumiu o governo em 2015 e no ano passado foi eleito pelo PP – está em maus lençóis. Na última segunda-feira ele e vice-prefeito Ronaldo de Cássio Daibes Moreira tiveram os mandatos cassados numa Ação de Investigação Eleitoral julgada pela juíza da 34ª ZE, Cristina Sodré Chaves. Eles continuam nos cargos, pois ainda cabe recurso, mas a situação pode se agravar, pois dez folhas foram arrancadas do processo e substituídas por outras, uma fraude que está sendo apurada em inquérito criminal e que acabou por complicar ainda mais a situação.

De acordo com o que foi apurado a partir de uma denúncia dando conta de que cabos eleitorais a serviço de Dezoito estavam distribuindo notas com direito a aquisição de materiais de construção numa empresa que tinha contrato de fornecimento com a Prefeitura, os itens eram entregues nos conjuntos populares do bairro Ponte Seca em caminhões da Germar Materiais de Construção, que em agosto de 2016 (dois meses antes da eleição) teve emitidas a seu favor notas de empenho no total de cerca de R$ 500 mil. As denúncias resultaram numa operação de busca e apreensão na empresa, onde foram encontradas 50 notas do mês de setembro e do dia 1º de outubro, com nome e endereços das pessoas beneficiadas e com a descrição dos materiais e a quantidade, sendo que dez delas tinham a descrição “autorizado 18”, uma referência ao apelido do prefeito, usado na campanha e registrado na urna eletrônica.

Segundo com o MP, os papeis com as provas da ligação de Dezoito com o esquema teriam sido suprimidos do processo, o que só teria sido percebido quando os autos retornaram com vista à Promotoria de Justiça, uma manobra que em vez de ajudar o prefeito pode ter acabado por complicar ainda mais a situação dele, pois o fato está sendo apurado pela Polícia Federal e a punição aos responsáveis serão definidas em processo a parte, no juízo criminal.

 

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