Quem está apostando que uma possível delação premiada do presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (foto) aconteça antes da eleição e conta com isso para tentar tirar proveitos nas urnas, pode estar fazendo o lance errado no concorrido jogo da política. Pressionado pela prisão de um filho que sempre passou longe do poder e pelos graves problemas de saúde, Picciani, dizem os que estão ansiosos para ver o circo pegar fogo, já teria até adiantado os termos de sua colaboração com o Ministério Público Federal, mas não é isso que ele vem demonstrando aos mais chegados. Ontem (9), por exemplo, durante depoimento no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Picciani mostrou-se como quem quer se defender e acredita na estratégia de defesa; não como quem estaria perto de por as cartas na mesa para livrar a própria cabeça e a do filho Felipe, preso junto com ele e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi durante a operação Cadeia Velha, em novembro do ano passado.
No depoimento prestado segunda-feira o deputado afastado negou ter recebido propina da Odebrecht e de empresários do setor de transportes. Falou até que não tinha uma relação próxima com o ex-governador Sergio Cabral, mesmo diante da afirmação do delator Carlos Miranda de que Picciani participava do esquema de propina desde a época em que Cabral comandava a Alerj e que, mesmo sem mandato teria recebido R$ 400 mil mensais entre 2011 e 2014.
Picciani evitou citar o nome do ex-governador e, repetidas vezes, afirmou que sempre trabalhou, acordou cedo, não viajava a Paris ou integrava a República de Mangaratiba, em alusão fato de que Cabral viajava sempre para a capital francesa e mantinha uma mansão na Costa Verde, onde reunia os mais chegados.
Uma delação por parte de Picciani é ansiada por muita gente do meio político – inclusive por deputados estaduais – e temida também por uma multidão. O que os membros do MPF chamam de colaboração negociada, em relação ao parlamentar, começou a ser especulada depois que ele dispensou os serviços do advogado Nélio Machado, que é contra a delação premiada.
“Particularmente não creio numa delação, mas na vida tudo tem um limite e ninguém pode dizer ao certo como está a cabeça dele hoje. Tem a doença e a prisão do filho. Isso desestruturaria emocionalmente qualquer ser humano”, diz um prefeito da Baixada Fluminense com quem o elizeupires.com conversou sobre esses e outros assuntos na tarde do último sábado.