Principal atingida pela Operação Uniforme Fantasma, ex-prefeita de Magé não vê benefício na prescrição: “Queria ter sido julgada”, afirma

● Elizeu Pires

Depois de cumprir mandato de deputada estadual, Núbia foi eleita prefeita em 2004 e reeleita em 2008 – Foto: Reprodução

Se para a Justiça os supostos crimes apontados pela investigação do Ministério Público que resultou na Operação Uniforme Fantasma – realizada no dia 24 de janeiro de 2008 em Magé e outros seis municípios, com prisões de agentes políticos, empresários e apreensão de documentos – fazem parte do passado desde o decreto judicial que extinguiu a punibilidade dos acusados pelo MP, para a ex-prefeita Núbia Cozzolino, não.

Para ela o assunto não morreu. Está bem vivo em sua memória, pois dos 33 denunciados foi ela quem mais saiu perdendo: teve a vida devassada, ficou inelegível e adquiriu doenças, males, que na visão dela foram agravados a partir da mega operação que envolveu cerca de 200 agentes da Polícia Civil no apoio ao MP.

Passados mais de 16 anos da operação, Núbia desabafou ontem (9) com o elizeupires.com. Ela não gostou, por exemplo, da matéria Operação Uniforme Fantasma: 16 anos depois de ação cinematográfica em Magé denunciados são beneficiados com a prescrição do processo, veiculada no dia 3 de agosto. Afirmou que não se sentiu beneficiada com o decreto da prescrição. “Muito pelo contrário”, disse.

Fora da vida pública desde setembro de 2009, Núbia ainda é idolatrada no município, principalmente pela população mais humilde. Se não disputa mais eleições, se a saúde não é mais a mesma, ela ainda tem força eleitoral suficiente para ajudar a decidir um pleito, seja para prefeito ou deputado, mas não é estar fora da vida pública que a entristece, e sim o que ela vê como “injustiça”.

“Queria ter sido julgada. Pedi isso várias vezes, mas deixaram correr o tempo. Falaram no desvio de mais de R$ 100 milhões e nada foi provado. A vida de muita gente foi destruída. Não só a minha”, afirmou Núbia, que pretende ajuizar uma ação contra o Estado, pois se sente prejudicada com ação do Ministério Público.

“Por que deixaram o tempo correr? Se fui acusada de toda essa roubalheira eu teria de ser julgada. Essa prescrição não foi um prêmio para mim. Foi um castigo, pois, se me julgassem, tenho certeza, teria sido absolvida, pois não desviei nada. Vou entrar com uma ação por danos morais. Posso até não ganhar, mas vou pedir uma reparação”, concluiu.

*O espaço está aberto para manifestação das instituições citadas na matéria

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